APESAR
DO PIB EM BAIXA ESTATAIS
REDUZIRAM
INVESTIMENTOS EM 2014
O
conjunto de estatais brasileiras investiu R$ 5 bilhões a menos no primeiro
semestre de 2014. Em 2013, as aplicações no período chegaram a R$ 49,6 bilhões.
Já neste ano, o volume de recursos para obras e compra de equipamentos não
passou de R$ 44,6 bilhões. Os dados foram divulgados pelo Ministério do
Planejamento e atualizados pela inflação do período (IGP-DI da FGV).
Ao
mesmo tempo, o valor autorizado no orçamento de investimentos das empresas
estatais federais diminuiu cerca de R$ 12,4 bilhões. O montante dotado para
gasto este ano foi de R$ 105,9 bilhões enquanto no ano passado foram orçados R$
118,3 bilhões. A execução orçamentária dos primeiros seis meses de 2014 atingiu
42,1%, contra 42% em igual período do ano passado.
Segundo
estudos do portal Cotas Abertas, o orçamento de investimentos de 2014 teve a
dotação aumentada de R$ 105,7 bilhões para R$ 105,9 bilhões, em razão da
incorporação de saldos de exercícios anteriores. O orçamento passou a agregar
dotações para a execução de obras e serviços em 328 projetos e 263 atividades.
O
documento do Planejamento detalha a programação orçamentária de 69 empresas
estatais federais, das quais 62 são do setor produtivo e sete do setor
financeiro. Das empresas do setor produtivo, 20 pertencem ao Grupo Eletrobras e
18 do Grupo Petrobras.
A queda
nos investimentos das estatais foi puxada pelo fraco desempenho da principal
estatal brasileira. As aplicações da Petrobras somaram apenas R$ 39,1 bilhões
nos seis primeiros meses deste exercício. O montante é 12,1% menor do que os R$
44,5 bilhões aplicados em igual período do ano passado e 46,3% do previsto para
o ano. Além disso, a Eletrobras também não emplacou os investimentos de 2014.
Para o
economista Newton Marques, a queda dos investimentos das estatais desde 2011
está intimamente relacionada com a grave crise internacional, bem como à falta
de estratégia de política macroeconômica do atual governo.
“O
governo vacilou em tomar as decisões que pudessem alavancar os investimentos
privados e os investimentos públicos estiveram ora na onda do aumento do
superávit primário da economia, ora na sua utilização com fins políticos como
foram os casos da Petrobras e Eletrobras”, explica.
O
professor destacou ainda que a indefinição da política de concessões de
infraestrutura ficou marcada e afetou fortemente os investimentos privados da
economia. “Acredito que qualquer um que assuma a presidência (ou que continue)
poderá colher os frutos dessas oportunidades de negócios que foram plantadas
nesses anos, mesmo tardiamente”, aponta.
Marques
também afirmou que os cortes de gastos com pessoal e de investimentos também
estão relacionados com a própria conjuntura econômica, com desativação ou
desarme dos investimentos.
Recursos próprios
O
Ministério do Planejamento informou que dos R$ 44,64 bilhões investidos na
primeira metade de 2014, somente 2,2% foram provenientes de recursos do Tesouro
para aumento de patrimônio líquido. A maior parte, 94,7%, foram recursos de
geração das próprias empresas, que também usaram recursos de financiamentos.
O
orçamento de investimento das estatais abrange empresas que não dependem de
recursos do Tesouro Nacional para bancar os gastos de custeio (como os de
pessoal, por exemplo). O recebimento de aportes do Tesouro para investimentos
não caracteriza uma estatal como dependente.
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