ECONOMISTAS CULPAM A COPA
E A SECA PELA QUEDA DO
PIB
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou na sexta (29) que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e
serviços produzidos no país, caiu 0,6% no segundo trimestre de 2014, em relação
aos primeiros três meses do ano. O dado do primeiro trimestre, que antes havia
sido divulgado como alta de 0,2%, foi revisto para queda de 0,2%. Para
economistas ouvidos pela Agência
Brasil, a Copa do Mundo e o atraso em concessões de obras de
infraestrutura influenciaram na retração do PIB.
Na avaliação do professor do Instituto de Economia da
Unicamp Bruno de Conti, o resultado já era esperado. “Estamos gerando menos
empregos do que em outros momentos, mas a taxa de desemprego ainda está em um
patamar historicamente baixo, e a renda do trabalhador está crescendo, mesmo
com a discussão sobre a inflação”, disse. Segundo De Conti, a menor quantidade
de dias úteis, em função da Copa do Mundo, impactou no resultado negativo do
PIB.
Para o economista, o termo recessão técnica – que se
configura por causa da queda do PIB por dois trimestres consecutivos – pode ser
aplicado à situação atual do país, mas ainda não está afetando de forma
significativa a população. “Claro que não é desprezível, mas é um rótulo que
tende a ser supervalorizado”, disse.
O professor aponta ainda que o atraso nas concessões de
obras de infraestrutura, que poderia impactar de forma positiva a economia em
2014, deverá ocorrer somente no próximo ano. Para o economista, deve haver uma
ligeira alta do PIB no segundo semestre e, em 2015, o indicador deverá
aumentar.
Já o coordenador de Economia Aplicada do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio (FGV), Armando Castelar, avalia que
os resultados do PIB apontam para um quadro de estagnação da economia. A
principal causa, segundo ele, é a queda da confiança dos consumidores e
empresários, que estão segurando os gastos. Para o professor, a Copa e o atraso
nas concessões podem ter tido impacto sobre o resultado negativo do último
trimestre, mas não devem ser supervalorizados.
“Quando você olha que muitos trabalhadores da indústria
estão em férias coletivas, mostra que não foi um problema de falta de
oportunidade para produzir. Foi uma demanda fraca. A Copa teve algum peso, mas
acho que foi pequeno”, disse. Sobre as concessões, Castelar acredita que “é
importante não superestimar porque são concessões importantes, são muitos
bilhões, mas em relação ao PIB é muito pouco”.
Ao ser perguntada se o país está em recessão técnica, a
gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de LaRocque, disse
que há uma estabilidade da economia.
Segundo a coordenadora, após ajustes sazonais, variações
entre - 0,5% e 0,5% podem inverter por estarem muito perto de zero, passando de
negativas para positivas ou ao contrário, como é o caso do resultado do
primeiro trimestre. Já o resultado do segundo trimestre, de menos 0,6%, nos
critérios do IBGE, pode ser garantido como queda.
"A série passa por um tratamento estatístico e o
número é modificado a todo trimestre", disse, citando como exemplo o
resultado do primeiro trimestre de 2014, que foi revisto. "Variações muito
grandes são revistas, mas não mudam de sinal. Variações muito próximas do zero,
como -0,2%, podem se modificar no trimestre seguinte".
Nenhum comentário:
Postar um comentário