DILMA PROPÕE MARCO CIVIL
PARA IMPEDIR ESPIONAGEM
A presidenta Dilma
Rousseff propôs nesta terça-feira (24), ao abrir a 68ª Sessão da Assembleia
Geral das Nações Unidas, o estabelecimento de um marco civil multilateral para
a governança e uso da internet na proteção de dados. Segundo ela, a espionagem
dos Estados Unidos – a cidadãos, ao governo e a empresas brasileiras –
transcende o relacionamento entre os países, afeta a comunidade internacional e
exige uma resposta.
“As tecnologias de
telecomunicação e informação não podem ser um novo campo de batalha entre os
Estados. Este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço
cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra por meio da espionagem,
da sabotagem, dos ataques contra o sistema e infraestrutura de outros países”,
disse Dilma. “A ONU deve desempenhar um papel de liderança no esforço de
regular o comportamento dos Estados ante essas tecnologias e a importância da
internet para a construção da democracia no mundo.”
Dilma disse que a
revelações das atividades de espionagem provocaram indignação e repúdio na
opinião pública mundial, com destaque para o Brasil, que foi alvo, incluindo
informações empresariais de alto valor econômico estratégico. Dilma ressaltou
que uma soberania não se pode firmar em detrimento de outra. “Jamais pode o
direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação
de direitos humanos e fundamentais dos cidadãos de outro país. Pior ainda
quando empresas privadas estão sustentando essa espionagem”, disse. Segundo
ela, os argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados
destinam-se a proteger as nações contra o terrorismo não se sustentam.
Antes do início da
sessão, Dilma se reuniu com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele e John
Ashe, presidente desta sessão da Assembleia Geral da ONU, abriram o evento
antes do discurso de Dilma. A tradição de o primeiro orador na Assembleia Geral
da ONU ser um brasileiro surgiu a partir de Oswaldo Aranha, então chefe da delegação
do Brasil, que abriu a primeira sessão especial em 1947.
Dilma chegou ontem
às 6h55 a Nova York. À noite, ela teve duas reuniões no hotel onde está
hospedada. Uma com o ex-presidente norte-americano Bill Clinton e outra com a
presidenta da Argentina, Cristina Kirchner.
Dilma ainda
participa da primeira reunião do Fórum de Alto Nível de Desenvolvimento
Sustentável, que reunirá, a partir desta sessão, ministros de Meio Ambiente
anualmente e chefes de Estado a cada quadriênio. A meta é implementar as metas
estabelecidas no documento final da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, intitulado O Futuro Que Queremos. Os países se
comprometeram, durante a conferência do Rio de janeiro, em 2012, a definir
objetivos concretos e mensuráveis para a eliminação da pobreza e da fome no
mundo com desenvolvimento sustentável.
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