SISTEMA PENITENCIÁRIO DO
RJ NÃO REINTEGRA O PRESO
O Rio de Janeiro
tem 52 unidades prisionais em todo o estado para abrigar uma população
carcerária de 33.826 internos. No entanto, boa parte desses estabelecimentos
destina-se ao regime fechado. Por isso, a maioria dos presos em regime
semiaberto cumpre a sanção penal em unidades típicas de cumprimento de pena em
regime fechado, ou seja, em unidades de segurança média ou máxima, dificultando
o processo de reintegração. As informações constam no primeiro relatório
temático sobre cumprimento de pena no sistema penitenciário do Rio de Janeiro,
divulgado na sexta-feira (27) pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à
Tortura do Rio de Janeiro.
Elaborado com
dados levantados nos últimos dois anos por uma comissão formada por advogados,
psicólogos e assistentes sociais, o documento revela também que apenas 2% dos
presos do estado trabalham, número bem abaixo da média nacional, de 20%.
Atualmente, em todo estado, existe apenas uma colônia agrícola ou industrial,
que são unidades onde os internos podem trabalhar e estudar.
De acordo com a
advogada Renata Lira, que é integrante do Mecanismo Estadual de Prevenção e
Combate à Tortura, a falta de trabalho e a internação em estabelecimentos
inadequados à progressão da pena dificultam a reintegração do preso à sociedade.
"O que se
pode afirmar é que as unidades destinadas ao semiaberto estão em condições tão
degradantes quanto as do regime fechado. Há superlotação, ociosidade, péssimas
condições de higiene e acomodação. Existem também inúmeros relatos de presos
que já podiam cumprir regime aberto, mas estão aguardando o lento andamento
processual" explicou a advogada.
"Nós
precisamos sistematizar esse tipo de informação, conseguir entrar nas unidades
e conversar com os presos com o intuito de produzir cada vez mais relatórios
com informações primárias. As unidades visitadas encontram-se em péssima
situação de conservação de suas estruturas. São muitas as infiltrações e pouca
iluminação, ambiente propício para se cometerem crimes. Acreditamos que só com
trabalho, educação e boas condições de saúde [dentro dos presídios] é que
poderemos mudar esse quadro", concluiu Renata.
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