GOVERNO PODE PERDER QUASE
R$ 1,3 TRILHÃO EM MULTAS
Cerca de 71% do total de R$
1,3 trilhão de créditos inscritos na Dívida Ativa da União não devem retornar
aos cofres públicos. O percentual equivale a R$ 966,4 bilhões que devem
resultar em “calote”. A quantia “perdida” é quase o dobro do que foi investido
na 2ª fase do Programa de Aceleração do Crescimento até abril, o equivalente a
R$ 557,4 bilhões.
O montante inscrito no Sistema
Integrado de Administração Financeira da Secretaria do Tesouro Nacional (SIAFI)
como “provisão para perdas de Dívida Ativa” está crescendo ao longo dos anos.
Conforme levantamento do Contas Abertas, em 2008 apenas 0,04% do total de R$
739,7 bilhões inscritos na dívida ativa constavam nessa provisão. Em 2009, 2010
e 2011, os valores correspondem 0,1%, 62,4% e 53,8%, respectivamente. O ápice
ocorreu no ano passado, quando 74,8% da Dívida Ativa estava incluída nessa
provisão de risco.
A PGFN não pode executar os
créditos que estão com a exigibilidade suspensa, o que ocorre, por exemplo,
quando o contribuinte adere a um programa de parcelamento ou quando oferece
garantia no montante integral da dívida para discutí-la judicialmente. Assim
sendo, resta a cobrança de dívidas que apresentam baixa recuperabilidade, o que
dificulta a redução do estoque da dívida.
Entre os maiores credores da
União estão o Ministério da Fazenda (R$ 380,9 bilhões) principalmente em razão
das Procuradorias Regionais da Fazenda Nacional do Rio de Janeiro e de São
Paulo, com valores da dívida de R$ 108,9 bilhões e R$ 89,1 bilhões,
respectivamente. A Superintendência de Seguros Privados e o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) também
encabeçam a lista com montantes de R$ 1,1 bilhão e R$ 363,6 milhões, respectivamente,
inscritos na dívida ativa.
De acordo com a CGU, os
valores e a lista de devedores podem não representar o real tamanho da Dívida
Ativa da União. O principal alvo do órgão de controle do governo era a PGFN,
vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável pelo cadastro e cobrança
judicial das dívidas. Na avaliação da CGU foram apontados problemas como a
demora para envio de dados dos devedores, a manutenção no cadastro de pessoas
que já haviam renegociado débitos, a falta de pessoal de apoio e
vulnerabilidade do sistema à fraude.
O crescimento do estoque de
possível calote foi acompanhado pelo aumento do volume de recursos inscritos na
própria Dívida Ativa da União nos últimos cinco anos. Em 2008, os créditos
inscritos na eram de R$ 739,7 bilhões, passando para R$ 835 bilhões em 2009 e
R$ 899,5 bilhões em 2010. No exercício de 2011 o valor ultrapassou pela
primeira vez a barreira do trilhão, ficando em R$ 1,1 trilhão. Ano passado os
valores inscritos foram de R$ 1,3 trilhão.
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