PETROBRÁS PAGA TREZ VEZES
MAIS POR PETROQUÍMICA
EM SP
O Ministério Público Federal em S. Paulo anunciou nesta
terça-feira (27) a abertura de investigações sobre a nebulosa transação entre a
Petrobrás e o Grupo Suzano, em que a estatal teria pago pela endividada Petroquímica
Suzano três vezes mais que o seu valor de mercado. A transação teria ocorrido
um ano depois da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos que está
sendo investigada por uma CPI no Senado, pela Controladoria Geral da União,
pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal através da operação Lava Jato, que resultou na prisão
do ex diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Yousseff e
mais 20 pessoas, inclusive o deputado André Vargas, que integrava a bancada do
PT e que hoje responde a processo na Comissão de Ética da Câmara.
Segundo revelou a Jornal da Band desta terça-feira,
por trás de mais este negócio bilionário da Petrobras, estava o ex-diretor de
abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, um dos presos pela Polícia
Federal na Operação Lava a Jato. Costa ocupava um cargo estratégico na
Petrobras durante a administração de José Sérgio Gabrielli. Com o aval do conselho de administração da
estatal, então presidido por Dilma Rousseff, que era ministra chefe da Casa
Civil de Lula, a Petrobras foi às compras. O primeiro alvo, em 2007, foi a
Suzano Petroquímica.
Avaliada na bolsa de valores de São Paulo em R$ 1,2
bilhão, ela foi comprada pela Petrobras por R$ 2,7 bilhões. Deste total, R$ 2,1
bilhões foram para a família Feffer, capitaneada por Daniel Feffer. Os demais
R$ 600 milhões foram para acionistas minoritários. Além disso, a estatal
assumiu uma dívida da Suzano de R$ 1,4 bilhão. O custo total foi de R$ 4,5
bilhões. Mais de R$ 2,8 bilhões de diferença entre o preço de mercado e o
que a Petrobras desembolsou.
Ainda segundo o Jornal da Band, na mesma época, outra
movimentação no mercado acionário levantou suspeitas: a corretora uruguaia
Vailly Sa, que nunca tinha negociado ações da Suzano, comprou papéis da
companhia antes do fechamento do negócio bilionário. A corretora, ligada ao
grupo Safra, foi investigada pelo Ministério Público e a Comissão de Valores
Mobiliário (CVM), e para não ser processada, fez um acordo e pagou multa. Mas,
até hoje, ninguém explicou como a Vailly teve acesso às informações
privilegiadas do negócio.
Pouco tempo depois de ser comprada pela Petrobras, a
Suzano Petroquímica foi incorporada pela Braskem, que hoje controla o mercado
petroquímico do Brasil, inclusive o polo petroquímico de Duque de Caxias, que
pertencia integralmente à Petrobrás.
Em 2009, o senador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná, pediu
à Procuradoria Geral da República investigação para apurar possíveis
irregularidades no negócio. Até hoje não recebeu resposta.
Em nota a Braskem informou que não teve qualquer
participação na aquisição da Suzano pela Petrobras. Ela afirma, ainda, que a
incorporação da empresa foi feita a preço justo, com base em avaliação de um
banco independente sem, porém, informar os valores da transação.
A Petrobras, os grupos Suzano e Safra e Daniel Feffer foram
procurados, mas não quiseram se pronunciar.
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