RESERVA DE ÁGUA PARA SALVAR O
RIO ESTÁ SOB TONELADAS DE LIXO
No momento em que a região Sudeste enfrenta a maior crise
hídrica das últimas décadas, um reservatório de água doce, o de Seropédica, o Aquífero
de Piranema, em Seropédica (RJ) – reserva de água subterrânea com capacidade de
abastecer a população carioca, em caso de necessidade, como agora –, está sendo
soterrado por toneladas de lixo provenientes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, sem que as autoridades
responsáveis pela fiscalização do uso da água (ANA-Federal) e do meio ambiente (INEA-Estadual)
deem qualquer explicação para o crime ambiental perpetrado pelo Governo do
Estado para substituir o aterro sanitário do Jardim Gramacho, um dos maiores do
mundo. Neste vídeo, aqui reproduzido e disponível também no You Tube, alunos e
professores da UFRRJ, além de pesquisadores, condenam a forma açodada com que o
Governo do Estado resolveu descartar o Aquífero de Piranema.
Em noticiário distribuído pela Agência Brasil á época da
inauguração do aterro de Seropédica (abril/2011)) havia o registro de críticas à
instalação do tal aterro, entre as quais estava a professora da Universidade
Federal Fluminense (UFF), Sirlei de Oliveira, doutora em geologia e integrante
do Conselho do Meio Ambiente de Seropédica. “Eu e os demais pesquisadores da
UFRRJ somos absolutamente contra, devido a área que foi escolhida, que é a mais
inadequada possível. O solo onde eles estão colocando o lixo é composto de
areia. Por mais que falem em fazer camadas de proteção, não será suficiente. Em
algum momento, podemos ter um comprometimento muito sério do corpo d´água que
está abaixo, o Aquífero Piranema”, alertou a geóloga.
Ela discordava também da forma como estava sendo tratado o
aquífero, que representa uma reserva estratégica em caso de acidente com o
principal fornecedor de água para a cidade do Rio de Janeiro, o Rio Guandu,
afluente do rio Paraíba.
“Hoje o mundo todo está preocupado com a quantidade de água
doce que temos à disposição num futuro próximo. Este aquífero é suficiente para
abastecer o Rio de Janeiro por mais de um mês, se houver qualquer tipo de
contaminação no principal corpo hídrico, que é o Guandu”, advertiu Sirlei.
Para a geóloga, o agravante foi a escolha do local, que é
justamente onde acontece a recarga de água, próximo a uma serra, que funciona
como uma grande calha para as chuvas, que em seguida se infiltram no solo,
garantindo novo suprimento de água.
A implantação às pressas do novo aterro visava retirar o
aterro do Jardim Gramacho da pauta da Rio+20, que iria discutir e avaliar a
providência adotada depois da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, que marcou
a forma como a humanidade encara sua relação com o planeta.
Ao contrário dos objetivos da Rio-92, o governo do Estado
preferiu o caminho mais curto para retirar o lixão do Jardim Gramacho da mídia internacional,
mesmo que isso custasse o sepultamento, debaixo de toneladas de lixo, do Aquífero
de Piracema, um crime ambiental inaceitável, principalmente quando a população
do Rio de Janeiro está ameaçada por um brutal racionamento de água –
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