EMPREITEIRAS QUEREM
LULA
E DILMA NO BANCO DOS
RÉUS
Há quinze dias, os quatro executivos da construtora OAS,
presos durante a Operação Lava-Jato, tiveram uma conversa capital na carceragem
da polícia em Curitiba. Sentados frente a frente, numa sala destinada a
reuniões reservadas com advogados, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e os
executivos Mateus Coutinho, Agenor Medeiros e José Ricardo Breghirolli
discutiam o futuro com raro desapego.
Segundo reportagem de capa da revista Veja deste fim de
semana, os pedidos de liberdade rejeitados pela Justiça, as fracassadas
tentativas de desqualificar as investigações, o Natal, o réveillon e a
perspectiva real de passar o resto da vida no cárcere levaram-nos a um
diagnóstico fatalista. Réus por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de
organização criminosa, era chegada a hora de jogar a última cartada, e, segundo
eles, isso significa trazer para a cena do crime, com nomes e sobrenomes, o
topo da cadeia de comando do petrolão. Com 66 anos de idade, Agenor Medeiros,
diretor internacional da empresa, era o mais exaltado: “Se tiver de morrer aqui
dentro, não morro sozinho”.
A estratégia dos executivos da OAS, discutida também pelas
demais empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, é considerada a última
tentativa de salvação. E por uma razão elementar: as empreiteiras podem
identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do esquema,
os grandes beneficiados, os mentores da engrenagem que funcionava com o objetivo
de desviar dinheiro da Petrobras para os bolsos de políticos aliados do governo
e campanhas eleitorais dos candidatos ligados ao governo. É um poderoso trunfo
que, em um eventual acordo de delação com a Justiça, pode poupar muitos anos de
cadeia aos envolvidos.
![]() |
José
A. Pinheiro
Filho, mais conhecido
como
Leo Pinheiro
|
“Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos)
para oferecer grana a eles?”, disparou, ressentido, o presidente da OAS, Léo
Pinheiro. Amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos tempos
de bonança, ele descobriu na cadeia que as amizades nascidas do poder valem
pouco atrás das grades.
Na conversa com os colegas presos e os advogados da
empreiteira, ele reclamou, em particular, da indiferença de Lula, de quem
esperava um esforço maior para neutralizar os riscos da condenação e salvar os
contratos de sua empresa. Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas. E
foi dessa mágoa que surgiu a primeira decisão concreta do grupo: se houver
acordo com a Justiça, o delator será Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer
os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos. As empreiteiras
sabem que novas delações só serão admitidas se revelarem fatos novos ou o
envolvimento de personagens importantes que ainda se mantêm longe das
investigações. Por isso, o alvo é o topo da cadeia de comando, em que, segundo
afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente
Lula e Dilma Rousseff.
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