CÂMARA ENTRA NO DEBATE SOBRE
A SECA QUE ASSOLA O
PAÍS
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), disse hoje (4), que uma comissão geral para discutir a crise hídrica
no Brasil ocorrerá em breve no plenário. A data será marcada em combinação com
os partidos que fizeram a solicitação.
“O problema da crise
hídrica está se agravando e, neste momento, afeta uma grande parte da população
da Região Sudeste. Há causas de natureza ambiental e outras que têm de ser
debatidas. O tema é prioridade do país”, acrescentou Cunha, que participou de
café da manhã, na reabertura dos trabalhos da Frente Parlamentar Ambientalista,
ocasião em que foi discutida a grave situação dos recursos hídricos no país.
Na comissão geral, além de parlamentares, representantes da
sociedade civil e autoridades governamentais debatem um tema relevante em uma
sessão plenária da Câmara.
Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado
Sarney Filho (PV-MA) informou que, em dezembro, enviou ofício à presidenta
Dilma Rousseff, pedindo a criação do Comitê Gestor da Crise da Água no Brasil,
mas que ainda não teve retorno.
“Fizemos a sugestão para que a presidenta Dilma criasse um
comitê de crise, vinculado diretamente ao seu gabinete. O governo avaliará esta
possibilidade. No Congresso, temos de criar uma comissão especial ou uma
subcomissão para tratar, especificamente, e acompanhar as ações do assunto”,
afirmou o deputado.
Ex-parlamentar e ambientalista, Fábio Feldmann destacou a
gravidade da situação em São Paulo. “A crise hídrica em São Paulo corre o risco
de se transformar em exemplo mundial de vulnerabilidade de uma região
metropolitana com milhões de pessoas. A depender da chuva, não falaremos mais
em crise, mas em colapso. Não há água em São Paulo. Estamos falando de uma
crise [hídrica] em 2014 e 2015, mas a gente não tem certeza se ela não se
estenderá até 2016 e 2017. É uma crise que mudará radicalmente a economia do
país, porque São Paulo tem muita importância no PIB [Produto Interno Bruto]. As
pessoas sofrerão muito com essa crise de água”.
Para a coordenadora da
Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, a condução da
crise hídrica não tem sido feita de forma transparente e preventiva pelos
governantes.
“Hoje, as pessoas estão alarmadas. O cidadão comum não sabe
que dia vai faltar água em sua casa. Isto leva a um estado de pânico. O pânico
faz com que se guarde água de maneira inadequada e leva ao risco de doenças
como a dengue e a febre chikungunya. O principal apelo é para que haja
transparência. O período eleitoral já acabou”, ressaltou.
Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e
Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos
Nobre, revelou que os fenômenos de extremos climáticos ocorrem com maior
frequência.
“Se não conseguirmos conter a velocidade do aumento do
aquecimento global, causado pela emissão de gases de efeito estufa,
teremos cada vez mais extremos, com mais secas e inundações. Se o
aquecimento global não for contido, teremos de conviver, cada vez mais, com
esses extremos”.(ABr)
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