CONSTRUTORAS ESTARÃO NO CONTROLE DA CPI DA PETROBRAS
A CPI da Petrobras que deverá ser instalada
pela Câmara dos Deputados nesta quinta-feira(26) já nascerá com o DNA da
corrupção, pois será comandada por parlamentares que tiveram ajuda financeira
na campanha de 2014 recebida das empreiteiras, que eles irão investigar nessa
Comissão.
![]() |
Hugo Motta |
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo desta quarta-feira (25), os
escolhidos para comandar a nova CPI da Petrobras na Câmara tiveram parte de
suas campanhas bancada por empresas acusadas na Operação Lava Jato, o que supõe
que mais uma grande pizza está sendo preparadas na cozinha principal da Câmara,
o gabinete do Líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB/RJ)
Ainda segundo a Folha, o presidente da CPI, o
deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), teve 60% de sua última campanha paga com
recursos dessas empresas. No ano
passado, Motta recebeu R$ 451 mil da Andrade Gutierrez e da Odebrecht. No
total, ele arrecadou R$ 742 mil para fazer campanha.
Relator indicado pelo PT, Luiz Sérgio (PT-RJ)
recebeu R$ 962,5 mil das empresas Queiroz Galvão, OAS, Toyo Setal e UTC. O
valor representa 39,6% da receita de sua campanha. Essas empresas são apontadas pelo Ministério
Público e já foram citadas por delatores como integrantes de um cartel.
Executivos da OAS e da UTC atualmente já respondem a ações penais. Outros ainda
são investigados.
Na CPI da Petrobras aberta na legislatura
passada, um dos problemas apontados ao fim da investigação é que tanto as
empresas como os políticos acabaram poupados pelos parlamentares.
Motta, que tem 25 anos e está em seu segundo
mandato, é ligado ao grupo do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao
ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Vital do Rego (PMDB-PB), que
comandou a última CPI sobre a estatal.
Em 2014, Motta presidiu a Comissão de
Fiscalização Financeira e administrou depoimentos da ex-presidente da Petrobras
Graça Foster, do ex-ministro Guido Mantega (Fazenda) e do ex-diretor Nestor
Cerveró sobre a compra polêmica da refinaria de Pasadena, nos EUA, que colocou
a estatal no centro da crise.
A assessoria do deputado informou que as
doações recebidas foram indiretas, por meio de repasses feitos pelo PMDB, e que
ele não tem ligação com a captação dos recursos ou com representantes das
empresas.
![]() |
Luiz Sérgio |
O último cargo de destaque do deputado Luiz
Sérgio foi no início da primeira gestão Dilma Rousseff (2011), no comando da
Secretaria de Relações Institucionais. Sem
poder de bancar as negociações no Congresso, o petista chegou a ganhar o
apelido de "garçom", porque só entregava as demandas. Ainda chegou a
ocupar o cargo de ministro da Pesca no primeiro mandato de Dilma, após deixar
as Relações Institucionais.
O petista já foi escalado como relator de uma
das principais CPIs contra o governo Lula, a dos Cartões Corporativos. Na
ocasião, seu relatório final poupou o governo e não apontou irregularidades no
uso dos cartões.
Procurada para comentar as doações, a
assessoria de Luiz Sérgio informou que o deputado só irá se pronunciar sobre
fatos relacionados à CPI depois que ele for confirmado como relator.
Nenhum comentário:
Postar um comentário