BRASIL TAMBÉM PODERÁ
EXPORTAR PRESIDIÁRIOS
EXPORTAR PRESIDIÁRIOS
Às vésperas do Natal, enquanto o Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos cobrava a intervenção do Governo para
impedir o fechamento de uma linha de montagem da GM – medida que fora anunciada
pela montadora há um ano – uma rede de lojas especializada em roupas masculinas
anunciava, num grande jornal do Rio de Janeiro, uma curiosa promoção: a venda por R$ 79,00 de camisas do tipo polo produzidas...no Peru.
E o exótico anuncio não produziu a menor reação quer da
Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – quer do
Sindicato dos empregados na indústria têxtil local, ou similares de outros
Estados, atrelados ao Governo através das verbas generosas e a fundo perdido do
FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador – sustentado com recursos do FGTS para a
promoção de “cursos de reciclagem profissional”. O mesmo silêncio se verificou
por patê dos sindicatos dos trabalhadoras da Indústria do Petróleo, que até
hoje não se manifestaram sobre a política do Governo de incentivar o uso da
gasolina – agora importada dos Estados Unidos e outros países – em detrimento
do etanol “Made in Brazil”, que gera milhares de empregos e renda através da
indústria alcooleira de diversos estados, ajudando na distribuição de renda,
enquanto a importação de gasolina, diesel e óleo combustível gera desemprego
e afeta a balança comercial do País, que
fechou 2013 com um saldo pífio de pouco mais de 2 bilhões de dólares.
Em pleno Século XXI, enquanto o Governo abre uma guerra
contra os EE. UU. em torno da espionagem via operadoras de telefonia instaladas
no Brasil, voltamos a ser um País essencialmente agrícola e exportador de
produtos primários – minério de ferro e manganês, frutas, proteína animal (frango,
suínos e bovinos) – tal e qual durante a II Guerra Mundial, mas importando
brinquedos e até calçados e alimentos como o feijão e o arroz, que antes eram
destaques na pauta de exportação do País.
Até os eletroeletrônicos produzidos no País são montados
com peças “Made in China” ou um outro país da Ásia, onde o trabalhador cumpre o
mesmo regime dos escravos no Brasil colonial – de sol a sol – o que resulta na
exportação de empregos que antes eram gerados aqui, com os efeitos de uma
economia dependente do exterior, pois os preços do produtos exportados pelo
País, até o petróleo, não definidos pelas grandes corporações, que atuam no
ramo das “comodities”, como minério, petróleo, soja, milho e até café.
Com uma economia dependente do (mal) humor do mercado
internacional, com suas próprias regras e sanções, o Brasil, a exemplo da velha
Kombi, está sendo ultrapassado por pequenos países, que não tem petróleo, mas
investem em Educação de qualidade, em Saúde para a sua população, em saneamento
básico, reduzindo, a cada ano, a distância que os separa do padrão de países
como a Suécia que, segundo o jornal The Guardian, passa por uma drástica queda no número de
prisões nos últimos dois anos e, por esse motivo, as autoridades decidiram
fechar quatro penitenciárias e um centro de detenção, Segundo a reportagem do
jornal britânico "Vemos um declínio extraordinário no número de
detentos. Agora temos a oportunidade de fechar parte de nossa
infraestrutura", disse Nils Oberg, diretor de Serviços Penitenciários do
país.
Talvez aí esteja a saída para a superlotação de presídios
no Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Maranhão: que tal exportarmos os nosso
condenados? A Suécia fica um pouco longe, mas seus presídios estão léguas de
distância de Bangu, Papuda e Mangueirinha.
(Publicado na edição desta terça-feira (7) do jornal “Capital
Mercado & Negócios - www.jornalcapital.jor.br
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