domingo, 5 de janeiro de 2014

INCÊNDIO PARALISA A PRODUÇÃO
DE GASOLINA E DIESEL NA REDUC
A paralisação da Unidade de Coque da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), atingida por um incêndio na noite deste sábado (4)o, deve representar para a Petrobras uma perda diária de R$ 500 mil em receita. O prejuízo da estatal pode ser ainda maior, com a importação dos derivados de alto valor agregado para suprir o fornecimento. Também houve interrupção na produção de gasolina e diesel. A estimativa é do Sindicato dos Petroleiros (Sindpetro) de Duque de Caxias, em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, em que também prevê um prazo entre cinco e 10 dias para a retomada da produção no local. Os sindicalistas acusam a empresa de aumentar em 20% a operação na Refinaria sem os devidos cuidados com relação à segurança
Ninguém ficou ferido no incêndio, que aconteceu por volta das 18h de sábado. Segundo o presidente do Sindpetro de Duque de Caxias, José Simão Zanardi, as chamas atingiram altura de 20 metros, mas ficaram restritas à casa de bombas, prejudicando seis equipamentos. "Em agosto, a carga da unidade passou de 5 mil metros cúbicos por dia para 6 mil, um aumento de 20%, na tentativa de evitar as importações. Desde então, tem acontecido os acidentes. Os equipamentos, bombas, compressores, e torres não suportam a carga", afirmou.
Os sindicalistas acusam a Petrobrás de operar a refinaria acima da capacidade com o objetivo de alcançar recordes de produção, além de cortes nas equipes e nos gastos com manutenção preventiva (ver matéria abaixo). Este é o quinto acidente de grande porte em refinarias da empresa em menos de 40 dias.
"Em agosto, a carga da unidade passou de 5 mil metros cúbicos por dia para 6 mil, um aumento de 20% quando o recomendado seria de 10%. Foi quando começou uma série de pequenos acidentes. Os equipamentos, bombas, compressores, e torres não suportam a carga", afirmou Simão Zanardi, presidente do Sindpetro de Caxias. "As máquinas estão explodindo de tanto operar. Os trabalhadores, estão adoecendo. Eles estão com medo", completa.
A Reduc é responsável por 10% da produção de refino no País, com o processamento de 240 mil barris de óleo cru por dia. "Além de deixar de gerar R$ 500 mil por dia com a produção dos derivados, a empresa terá que importar mais derivados, de alto valor agregado. Os produtos gerados na unidade abastecem, por exemplo, a indústria de cimento. Pode gerar um impacto", avalia Zanardi. Segundo ele, a presidente da estatal, Graça Foster, esteve na refinaria por volta das 20h, acompanhada do diretor de abastecimento, José Carlos Consenza. A assessoria de imprensa da Petrobras não foi encontrada para confirmar a informação.
A estimativa do sindicalista é que entre cinco e dez dias a unidade volte a produzir, mas Zanardi alerta para as condições de trabalho. "Os trabalhadores vão fazer um movimento para não retornar sem condições que garantam a segurança. A empresa vai querer recomeçar ativando bombas substitutas, para não parar a operação durante os reparos. É muito perigoso", afirma.
Desde novembro diversos acidentes têm acontecido nas refinarias da Petrobras, sobretudo na Unidade de Coque. Na ReMan, em Manaus, três operários ficaram feridos após um incêndio, sendo um em estado grave, com queimaduras de terceiro grau. Na Regap, no Paraná, um incêndio deixou a unidade paralisada por mais de 20 dias, prejudicando o fornecimento de derivados na região. Também houve incidentes em unidades na Bahia e Minas Gerais.
Para o consultor Adriano Pires, a Petrobras está usando as refinarias de forma "irresponsável", sem fazer as paradas de manutenção para atender os níveis de segurança estabelecidos. "Nos Estados Unidos, o nível de utilização das refinarias é de 85%, mas a Petrobras está com a carga a 95%. Isso é reflexo da política maluca de preços. Para fazer caixa estão rodando as refinarias em nível acima do que deveria, colocando em risco os trabalhadores e equipamentos."
Segundo Zanardi, cinco funcionários trabalhavam na unidade, que tem o tamanho de três campos de futebol. "O ideal seria termos pelo menos sete funcionários. Estamos com menos trabalhadores e uma carga maior. A unidade não foi projetada para esta carga. As máquinas estão explodindo de tanto operar. Os trabalhadores, estão adoecendo. Eles estão com medo de trabalhar", completa.

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