VITIMAS DE VIOLÊNCIA, IDOSOS
NÃO TEM ACESSO À JUSTIÇA
Dez anos depois de entrar em vigor, o Estatuto do Idoso garantiu uma
série de benefícios individuais à população com mais de 60 anos no país. Porém,
quando o assunto é violência e acesso à Justiça, faltam políticas públicas e
investimentos, conforme avaliação da advogada especialista em direito da
família e ex-desembargadora Maria Berenice Dias.
De acordo com a jurista, o estatuto é um importante instrumento para
assegurar direitos e serviu para esclarecer questões controversas, como o
pagamento de pensão alimentícia a idosos pelos familiares. Com a lei, ficou
claro que qualquer filho, por exemplo, pode ser obrigado judicialmente a pagar
pela alimentação dos pais com mais de 60 anos, explicou Berenice.
No entanto, o próprio acesso à Justiça permanece um problema para os
idosos, avalia. Ela aponta a necessidade de expansão de delegacias
especializadas e de varas de Justiça para assegurar, também, serviços públicos
como acesso a remédios, tratamento de saúde e medidas protetivas.
“A questão da violência é bastante significativa e os idosos não sabem
como lidar.”
A punição a pessoas que cometem atos de violência contra idosos é um
avanço do estatuto que tem resultados práticos, na opinião de Berenice. Para a
cuidadora de idosos Josefa Ferreira de Medeiros, 53 anos, há uma certeza de que
quem “judiar” dos idosos será punido. “Tem que ser assim, cercado de amor e de
carinho”, completou a cuidadora, que atende paciente com Alzheimer.
Para Berenice, mesmo dez anos depois de entrar em vigor, os governos, em
especial as prefeituras, deveriam se empenhar em divulgar o documento e
disponibilizar serviços para que idosos com dúvidas sobre seus próprios
direitos possam se esclarecer melhor e procurar ajuda.
Mais informação e educação também é o que falta para o estatuto sair do
papel na opinião da corretora Cleuza Souza, de 64 anos. Para ela, as pessoas
pensam que nunca vão envelhecer. “Quem de novo não morre, de velho não escapa.
As pessoas precisam aprender a respeitar a idade”. (Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil)
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