AMIGOS SE DESPEDEM
DE CARLOS BEZERRA
O corpo do jornalista Carlos de Sá Bezerra,
decano da imprensa na Baixada Fluminense e no Grande Rio, foi sepultado na
tarde desta quarta-feira (12) no Cemitério Nossa Senhora de Belém (Corte Oito).
O jornalista se recuperava em casa de uma delicada intervenção cirúrgica pela
qual foi submetido em agosto. No último final de semana, foi internado no
Hospital de Clínicas Mário Lioni, onde veio a falecer durante a madrugada por
complicações no fígado e pâncreas. Deputados, vereadores e outras autoridades,
além de muitos amigos, jornalistas acompanharam o velório, no Plenário da
Câmara de Duque de Caxias. A ausência mais notada foi do prefeito Alexandre Cardoso,
ou de representantes Secretaria de Comunicação do município.
Carlos Bezerra, natural de Manaus (MA),
havia completado 88 anos no dia 6 de janeiro. Fundador e diretor da “Revista
Rio Magazine” (antiga Caxias Magazine), também presidia a Associação Caxiense
de Imprensa Escrita e Falada (ACIEF) e era diretor da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI), atuando como membro da Comissão
de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos. Foi um dos articuladores
da criação da Associação Duquecaxiense de Imprensa (ADI) e posteriormente a
Associação de Imprensa da Baixada (AIB), ao lado de outros profissionais como
Adail, Adilson Sarpi, Alberto Marques, Ary Barros, Geraldo Borges, Ilma Penha,
Josué Cardoso, Jesuino Domingos, Lenin Novaes, Lucia Machado, Lucia Regina,
Marcos Manso e Paulo Gomes, entre muitos outros. Era membro da Academia
Duquecaxiense de Letras e Artes (ADLA), que presidiu por duas vezes. Ativista
do Partido Comunista do Brasil, Carlos Bezerra iniciou a carreira como
jornalista ainda na década de 40, no Rio de Janeiro, como free-lance em jornais
sindicais. Em 1955, começou a trabalhar como repórter no jornal “Imprensa
Popular”, dirigido por Pedro Mota Lima, passando depois por “Diário da Noite”,
“Luta Democrática” e “Última Hora”, além da sucursal do “Correio Sindical”, de
São Paulo.
Com o golpe de
1964, teve que trabalhar na clandestinidade mas acabou sendo preso e torturado
no DOPS, sendo solto após intervenções da ABI e da UNE. Alguns dias depois,
porém, agentes do DOPS invadiram a Gráfica Barroso, no Catumbi, e confiscaram
os exemplares de cinco livros seus, entre eles “Os Desgraçados”. Em 1969,
lançou a revista “Cidades e Municípios”, ao lado de Anibal Lemos Filho, que
circulou até 1985. Em 1984, outra iniciativa pioneira na Baixada Fluminense:
lança a revista Caxias Magazine, hoje circulando como Rio Magazine. Bezerra
conquistou vários títulos honoríficos, medalhas e moções ao longo de sua
carreira. Fundou, ainda, o jornal “Caxias Repórter”.
Carlos
Bezerra gravou, em outubro de 2011, depoimento no Instituto Histórico da Câmara
dos Vereadores de Duque de Caxias, através do projeto “Tarde com História”, com
a participação de políticos, jornalistas, professores, historiadores e
estudantes. Na entrevista gravada em vídeo, ele falou de sua participação na
luta pela emancipação de Duque de Caxias e na campanha do Petróleo é Nosso, da
ditadura militar e de personalidades que marcaram a história da cidade, entre
eles, Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta.
Carlos
Bezerra recepciona Oscar Niemeyer, quando da primeira visita do arquiteto a Duque de Caxias para acertar com a prefeitura os detalhes para a construção do Centro Cultural que leva o seu
nome, composto de um teatro para 442 pessoas e duas bibliotecas públicas. (Foto: Acervo da Revista Rio Magazine)
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