EX DIRETOR DA PETROBRÁS
JOGA POLÍTICOS NA FOGUEIRA
Candidatos
à Presidência da República defenderam neste sábado (6) apuração sobre a notícia
de envolvimento de políticos em esquema de propina na Petrobras. De acordo com
reportagem da revista Veja,
divulgada neste fim de semana, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da
estatal Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, revelou em depoimento
à Polícia Federal nomes, entre outros, de parlamentares, ministro e
ex-governadores que teriam participado do esquema em negócios da petrolífera
com outras empresas.
O
ex-diretor, conforme a revista, aceitou um acordo de delação premiada, o que
possibilita redução da pena para quem colabora com as investigações. Ele está
preso sob a acusação de participar de um esquema de lavagem de dinheiro
coordenado pelo doleiro Alberto Youssef.
Em
campanha na cidade de São Paulo, a candidata à reeleição pelo PT, presidenta
Dilma Rousseff, disse que precisa de dados oficiais para tomar providências
cabíveis e não adotará medidas com base em especulação.
“Precisamos
de dados oficiais a respeito dessa questão. A própria revista que anuncia esse
fato diz que o processo está criptografado, guardado dentro de um cofre e que
irá para o Supremo. Eu gostaria de saber direitinho quais são as informações
prestadas nessas condições e asseguro que tomarei todas as providências
cabíveis, mas não com base em especulações”, disse a presidenta, ao ser
questionada por um jornalista, antes de participar de um encontro com mulheres.
Em
Presidente Prudente, no interior paulista, o candidato Aécio Neves (PSDB)
cobrou apuração do caso e punição para os envolvidos.
“É
muito importante que essas investigações sejam aprofundadas, que os
responsáveis por esses desvios sejam punidos, mas o fato concreto é que durante
todos os últimos nove anos, o mensalão continuou a existir nesse governo.
Agora, financiado pela nossa principal empresa pública, a Petrobras”, disse,
conforme entrevista divulgada pela assessoria do candidato, que participou de
encontro com lideranças do Pontal do Paranapanema.
Em
atividade de campanha em Brumado, no interior da Bahia, a candidata Marina
Silva (PSB) defendeu Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e então
candidato pelo partido, que teria sido citado pelo ex-diretor, de acordo com a
reportagem. Ela também defendeu apuração do caso.
“O fato
de ter um empreendimento da Petrobras feito no seu estado não dá o direito de colocá-lo
em uma lista dos que cometeram qualquer irregularidade. Nesse momento, todo o
Brasil e todos nós aguardamos as investigações que estão sendo feitas dos
desmandos da Petrobras, que estão ameaçando o futuro da empresa, o futuro do
pré-sal. O atual governo tem que se explicar da má governança que fez na
Petrobras, levando essa empresa, que sempre foi exitosa e respeitada dentro e
fora do Brasil a quase que uma total falência”.
Em
nota, o PSB disse que a reportagem faz uma "uma referência solta do depoente
a Eduardo" e que vai requerer acesso ao depoimento integral do ex-diretor.
Já no
Rio de Janeiro, a candidata Luciana Genro (PSOL) também cobrou investigação.
“É
possível que seja de fato verdade. Nós sabemos que há uma relação promíscua
entre os partidos, as empresas privadas e as estatais. Os políticos dos
partidos tradicionais se utilizaram das empresas públicas como a Petrobras para
fazer negócios, receber propinas e defender interesses privados. Evidentemente
que isso precisa ser muito bem investigado”, disse a candidata, durante
caminhada pela Feira do Lavradio, local que reúne grande número de vendedores
de artesanato, no centro da cidade.
Segundo
a revista, no depoimento, o ex-diretor mencionou o nome do senador Romero Jucá
(PMDB-RR), como um dos envolvidos no esquema. Em nota, o senador nega ter
recebido “qualquer contribuição de campanha e quaisquer outros recursos por
meio do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa”. De acordo com Jucá, o
relacionamento dele com o ex-diretor “sempre foi institucional”. “Todas as
doações de campanha foram feitas respeitando a legislação e estão disponíveis
para consulta”, diz a nota.
De
acordo com a reportagem, o ex-diretor disse ainda aos policiais que o
secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, atuava como
intermediário do partido no esquema. Em nota divulgada hoje (6), o partido diz
que “é absolutamente mentirosa a declaração de que tenha havido qualquer
tratativa, seja pessoal, por e-mail ou mesmo telefônica, com o referido senhor
a respeito de doações financeiras ou qualquer outro assunto. Vaccari Neto nunca
esteve na sede da Petrobras. Ele não visita empresas estatais, pois são
proibidas por lei de fazer doações eleitorais”, acrescentando que as prestações
de contas do partido são regularmente apresentadas aos órgãos fiscalizadores.
Em
comunicado, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
que teria sido mencionado pelo ex-diretor conforme a revista, negou ter pedido
ou recebido recursos. Segundo ele, as declarações "foram feitas em um
processo de delação premiada, sem apresentação de provas. E delação premiada
exige provas".
A
governadora do Maranhão, Roseana Sarney, também citada, divulgou nota de
repúdio em que diz nunca ter participado "de nenhum esquema de corrupção e
muito menos solicitei ao ex-diretor da Petrobras recursos de qualquer natureza.
Tomarei todas as medidas jurídicas cabíveis para resguardar minha honra e minha
dignidade". (Com Agência Brasil)
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