SENADO
RECONHECE GENOCÍDIO
TURCO
CONTRA OS ARMÊNIOS
Foi
aprovado em Plenário, nesta terça-feira (2), voto de solidariedade ao povo
armênio no centenário da campanha de extermínio de sua população, crime
atribuído ao governo turco, que à época integrava o Império Otomano, que
dominava a região.
Ao
aprovar requerimento dos senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e José
Serra (PSDB-SP), o Senado
prestou uma homenagem às vítimas e reconhece a contribuição para a formação
econômica, social e cultural do Brasil de milhares de brasileiros descendentes
de refugiados armênios.
Aloysio
ressaltou ser necessário que a Turquia reconheça o crime de genocídio cometido
no passado e que possa estabelecer um diálogo produtivo com a Armênia de hoje,
que possa apontar para um futuro de cooperação e de bom entendimento entre
esses dois países.
– Mas que
signifique também o respeito à vida, o respeito à diversidade e o compromisso
de que isso nunca mais se repita – afirmou o senador.
O
genocídio teve início em 24 de abril de 1915, durante a 1ª Guerra Mundial, e se
estendeu por dois anos. Em dezenas de cidades do Império Turco-Otomano, onde
conviviam pacificamente famílias de diferentes etnias, toda a população armênia
masculina foi reunida à força, executada e empilhada em vales e cursos d'água.
Famílias
inteiras foram amarradas e jogadas vivas nos rios, com um de seus membros morto
a tiros, levando todos os demais ao afogamento. Estima-se que pelo menos 1,5
milhão de armênios tenham sido assassinados.
Parte da
deportação se fez em trens de carga destinados ao transporte de gado. Nas
centenas de quilômetros percorridos pela população feminina, a maioria a pé,
grande parte das deportadas morreu de inanição ou de doença e as demais foram
executadas.
As razões
invocadas para o massacre foram principalmente a alegada traição dos armênios,
que teriam colaborado com o exército russo no início da guerra, a necessidade
de limpeza racial para converter a Turquia, então multirracial, em uma nação uniformemente
turca, e o fato de os armênios serem geralmente mais educados e mais ricos do
que o restante da população.
O
requerimento de Aloysio Nunes foi assinado por 55 senadores e a iniciativa
saudada por vários líderes partidários em Plenário. O senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) lamentou que esse crime seja pouco lembrado.
— Hoje,
na Turquia, onde residem armênios, nem sequer é possível citar esse genocídio —
disse.
Aloysio
Nunes pediu ainda que conste dos anais da sessão plenária artigo de José Serra,
publicado no jornal Folha de S. Paulo
em 24 de abril de 2009, intitulado Nenhum
genocídio deve ser esquecido.
Em
seguida, o próprio Serra leu em Plenário o último parágrafo do seu artigo.
— Todos
devem ser lembrados, seus responsáveis execrados, suas causas e motivações
sempre pesquisadas e analisadas, suas brutalidades reconstituídas, suas vítimas
homenageadas. Nunca esquecer para que não volte a acontecer — leu o senador. Agência
Senado (Com a Agência Senado)
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