GOVERNO CULPA PAPEL E DÓLAR
POR PREÇO DO MATERIAL ESCOLAR
A alta do preço do
papel, do dólar e a elevada carga tributária são os principais vilões do
aumento do preço dos livros didáticos e de material escolar, segundo entidades
ligadas ao setor. Em 2013, o dólar subiu pouco mais de 15% em relação ao real,
encarecendo os produtos importados. Já o papel, segundo o Sindicato Nacional
dos Editores de Livros (Snel), aumentou em torno de 12%. Somado a esse cenário,
a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares
(Abfiae) aponta a alta cobrança de tributos, que pode chegar a 47% do preço
final.
Na hora de
comprar, os altos preços são evidentes. Mãe de três filhos, a bacharel em
direito Raíres Cunha, chegou a gastar cerca de 20% a mais que no ano passado. O
valor pago, relata, deve superar a mensalidade que paga no colégio particular
onde os filhos estudam. As compras ainda não terminaram e ela já desembolsou
mais de R$ 800. “E isso apenas para um dos filhos”, diz.
De acordo com as
entidades do setor, os aumentos têm justificativa. Em relação aos livros, a
presidenta do Snel, Sônia Machado Jardim, explica que ainda não foi feito um
levantamento do reajuste este ano. “Vários aumentos ocorreram no último ano,
causando impacto no custo de produção do livro. Por exemplo, o papel aumentou em
torno de 12%, o dissídio da categoria foi 6,40%. Infelizmente, esses aumentos
acabaram refletindo no preço do livro”.
Segundo ela, as
isenções concedidas ao setor não são suficientes para garantir a diminuição dos
preços. Desde 2004, o livro é isento do PIS e da Cofins, inclusive na
importação, que variavam entre 3,65% e 9,25%, dependendo do regime tributário
da empresa. “No mesmo período, só o reajuste salarial da categoria foi 79,96%,
ou seja, o benefício da isenção fiscal teve seu reflexo acumulado ao longo
desses dez anos pelo aumento dos insumos”, explica Sônia.
Um levantamento do
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que a carga
tributária responde por 47,49% do preço de uma caneta, por exemplo. No caso de
uma régua, a taxa chega a 44,65%, e de um lápis, a 34,99%. A associação
acredita que uma redução do PIS e da Cofins e do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) poderia significar queda de 10%.
O professor da
Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, e especialista em varejo Roberto
Kanter acrescenta outro componente para o aumento: o dólar. A alta da moeda
norte-americana tem impacto nos produtos importados do setor, o que nem sempre
é fácil de identificar. “Quando vemos na papelaria que um produto é de outro
país, é fácil evitar a compra e economizar, mas boa parte dos produtos e
insumos é importada pelas indústrias e elas revendem”. (Mariana Tokarnia - Agência Brasil)
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