quarta-feira, 26 de março de 2014

ALTERAÇÕES NO PARAÍBA COLOCAM O
DESENVOLVIMENTO DO RIO EM RISCO 
Qualquer medida sobre a utilização das águas do Rio Paraíba do Sul que implique a redução da vazão do Guandu, para atender ao sistema de abastecimento da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), poderá levar ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda e, consequentemente, comprometer o desenvolvimento socioeconômico do Rio em um futuro não muito distante. A avaliação é do pesquisador do Laboratório de Biologia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Paulo Carneiro. Ele coordenou o Plano Estadual de Recursos Hídricos (Perhi), estudo encomendado à Coppe pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com o objetivo de orientar as políticas públicas destinadas à utilização dos recursos hídricos do estado.
O plano, cujo horizonte é o ano 2030, indica que em 16 anos a vazão transposta do Paraíba para o Guandu e a demanda estarão praticamente empatadas. Os números mostram ainda que a situação hídrica do Rio não é tão confortável como se imagina.
“A situação hoje em relação ao abastecimento de água não é tão confortável. O estado não trabalha com uma folga tão grande e é por isso que as pretensões de São Paulo são vistas com muita preocupação. Sem querer negar a legitimidade de o governo paulista buscar soluções para a crise de abastecimento, é preciso colocar que os agentes envolvidos na questão – principalmente os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e a própria Agência Nacional de Águas (ANA) - precisam sentar à mesa, apresentar o leque de opções e a melhor solução para o problema”, alerta.
As projeções do Perhi, que seriam discutidos nesta quarta-feira (26) na reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, indicam que a região metropolitana do estado consumirá até 2030 cerca de 95% da vazão mínima do Rio Paraíba do Sul para o Guandu - que corresponde a 120 metros cúbicos por segundo. O encontro também vai definir, segundo o pesquisador da Coppe, as prioridades no cronograma de implementação das primeiras das 36 ações que serão adotadas para melhor aproveitamento da Bacia do Paraíba do Sul.
De acordo com Paulo Carneiro, cerca de 70% dessa disponibilidade hídrica já são utilizados atualmente para atender aos moradores e às indústrias do estado. O Paraíba do Sul é o principal fornecedor de água para o Sistema Guandu, que abastece a cidade do Rio e boa parte da região metropolitana: “São aproximadamente 9,6 milhões de pessoas beneficiadas”, lembra.

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