GOVERNO PETISTA DEIXOU DE APLICAR
R$ 11,2 BI EM OBRAS DE SANEAMENTO
O Brasil está na 112ª posição entre os países que
melhoraram o saneamento básico desde o ano 2000. O levantamento realizado pelo
Instituto Trata Brasil, em parceria com o Conselho Empresarial de para o
Desenvolvimento Sustentável, aponta que o país está atrás de nações da América
Latina – como Argentina, Chile e Uruguai-, de países árabes como Síria e Arábia
Saudita, e até de países africanos, como o Egito.
De acordo com pesquisa do Contas Abertas, de 2001 a 2013,
R$ 11,2 bilhões deixaram de ser aplicados pelo governo federal na função Saneamento.
O valor diz respeito a diferença entre o valor autorizado no Orçamento de cada
ano e o que foi efetivamente pago nos referidos exercícios, em números já
atualizados pela inflação.
Nos últimos 12 anos, R$ 21,6 bilhões foram autorizados
para aplicações federais na função Saneamento, dos quais apenas R$ 10,4 bilhões
foram gastos. O valor desembolsado representa apenas 48% da dotação. Para
efeito de comparação, a construção dos doze estádios para a Copa do Mundo tem
previsão de R$ 8 bilhões.
O levantamento considerou a Função 17, denominada
“Saneamento”, que inclui os recursos federais destinados ao setor. A conta de
recursos não utilizados, no entanto, pode ser ainda maior, quando considerados
os dispêndios estaduais e municipais para a melhoria do saneamento brasileiro.
Em 2013, foram autorizados R$ 3,4 bilhões para a função e
somente R$ 1,7 bilhão saiu dos cofres públicos durante o exercício. A baixa
execução se deu principalmente nas ações de apoio a sistemas de drenagem urbana
sustentável, manejo de águas pluviais e ampliação dos sistemas de esgotamento
sanitário nos municípios com população superior a 50 mil habitantes. Dos R$ 2,6
bilhões autorizados para as iniciativas, somente R$ 1,2 bilhões foram
desembolsados.
O orçamento de 2014 trouxe a mesma previsão de recursos
para função de 2013 – R$ 3,4 bilhões. As ações citadas acima, no entanto,
tiveram a dotação ampliada para R$ 3,1 bilhões.
Segundo a publicação Benefícios Econômicos da Expansão do
Saneamento Brasileiro”, divulgada pelo Instituto Trata Brasil na quarta-feira
(19), a situação do saneamento tem reflexos imediatos nos indicadores de saúde.
A taxa de mortalidade infantil no Brasil foi de 12,9 mortes por 1.000 nascidos
vivos em 2011. Esse valor é bem mais elevado que o da média mundial ou que as
taxas de Cuba (4,3%), Chile (7,8%) ou Costa Rica (8,6).
A situação precária do saneamento também se reflete na
longevidade da população. A esperança de vida no Brasil, de 73,3 anos em
2011, é menor que a média da América Latina (74,4 anos). Em relação aos países
mais próximos, o Brasil ficou atrás da Argentina (com 75,8 anos) e do Chile
(79,3 anos).
Para Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil,
o Brasil, com aspirações de se destacar nas grandes discussões internacionais,
não pode se manter atrasado no que há de mais básico – o saneamento. “Apesar de
sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, ainda não conseguimos
garantir água tratada, coleta e tratamento de esgotos a todos os cidadãos”,
afirma.
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