APOSENTADOS DO FUNDO
AERUS ACAMPAM NA CÂMARA
Acampados há oito dias no Salão Verde da Câmara dos
Deputados, representantes dos aposentados e pensionistas do Instituto Aerus.
formado por trabalhadores das extintas companhias aéreas Varig, Cruzeiro e
Transbrasil, esperam ser recebidos na próxima terça-feira (25) por uma equipe
da Advocacia-Geral da União (AGU), para tentar solucionar os problemas no
pagamento dos benefícios para os quais contribuíram durante o período em que
estavam na ativa.
Os 18 integrantes do instituto, que vieram de Curitiba, Florianópolis, Porto
Alegre e do Rio de Janeiro, alertaram hoje (20) que outros trabalhadores e
aposentados prejudicados pelo fundo de pensão estão de malas prontas para
viajar para Brasília se não houver uma sinalização concreta da AGU.
“Não dá para sair daqui com mãos abanando desta vez. Se
não tiver uma posição [da AGU] vamos trazer mais gente, porque o pessoal está
disposto a vir até de ônibus, se for preciso”, disse o ex-comandante da Varig
Zoroastro Ferreira Lima Filho.
Aos 81 anos de idade, Zoroastro, que trabalhou 38
anos na companhia, explicou que os 10 mil aposentados prejudicados têm, em
média, 75 anos e que a maioria está vivendo com dificuldades financeiras, por
não receber retorno dos valores pagos como contribuição ao fundo de pensão.
Os aposentados estão acampados na Câmara desde o último
dia 12, quando vieram para Brasília para acompanhar o julgamento, no Supremo
Tribunal Federal (STF), que condenou a União a pagar indenização à Varig por
perdas decorrentes da inflação, acumuladas em razão da política tarifária
adotada pelo governo entre 1986 e 1991.
Mesmo sem um acordo que garantisse o ressarcimento dos
valores, a decisão, tomada por 5 votos a 2, é vista como uma esperança por
aposentados e pensionistas e pelos trabalhadores em atividade que também
contribuíram com o fundo e aguardam uma solução para se aposentar.
Juntos, os beneficiários do fundo somam quase 20 mil pessoas.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas, os
trabalhadores que contribuíram para o fundo estão recebendo hoje 8% do valor
que deveria ser pago e, desde setembro do ano passado, vivem sob o temor do fim
desse pagamento, já que os recursos se esgotaram e o instituto tem conseguido
repassar valores provenientes de sobras de reservas e comercialização de bens e
imóveis de baixo valor.
“Só queremos a volta da nossa folha, que custaria à União
R$ 38 milhões por ano. Depois, conversaremos sobre os atrasados”, explicou
Zoroastro. Segundo ele, além da audiência na AGU, os acampados estão tentando
marcar uma conversa com o secretário-geral da Presidência da
República, Gilberto Carvalho, mas o encontro ainda não foi confirmado pela
assessoria do ministro.
Há pouco mais de seis meses, os aposentados do Aerus
ficaram acampados no Congresso por dias. Zoroastro lembrou, entretanto, que a
situação foi completamente diferente da atual. Segundo ele, a manifestação
pacífica de agosto do ano passado chegou a momentos tensos de embate com a
Polícia Legislativa, mas, com o apoio declarado pelos presidentes do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), desta vez, os acampados estão em condições muito melhores.
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