SABESP QUER USAR ÁGUA DO
PARAÍBA PARA ABASTECER SP
O Comitê de
Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) avalia que o
projeto de interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul
pode afetar o abastecimento das 184 cidade, inclusive a Região Metropolitana do
Rio de Janeiro, que dependem da água do Paraíba do Sul. Segundo o presidente do
comitê, Danilo Vieira, o projeto apresentado hoje (19) pode afetar tanto a
qualidade como a quantidade de água disponível na bacia. Pela proposta, será
construído canal entre as represas Atibainha, que faz parte do sistema que
abastece a Grande São Paulo, e o reservatório do Rio Jaguari, um dos afluentes
do Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro. Será feito ainda um sistema
de bombeamento de “mão dupla, isto é, quando um dos reservatórios tiver
excedente de água, o volume será enviado para a outra represa.
Para Vieira, o
processo está ocorrendo de forma precipitada, devido à crise do Sistema
Cantareira, que atingiu os piores níveis de armazenamento, desde a sua criação,
na década de 1970. “Quando existe a notícia de uma transposição, que na nossa
opinião, não está pautada em um estudo técnico que nos dê confiança para adoção
dessas medidas, ficamos preocupados com o que possa acontecer na frente”,
ressaltou o presidente do comitê.
Segundo ele, os dados
do Ceivap são diferentes dos apresentados pelo governo de São Paulo. “Vale
frisar que o estudo contratado pelo Ceivap tem alguns pontos divergentes do
estudo apresentado por São Paulo, em termos de quantidade e qualidade de água”,
enfatizou. “A nossa expectativa é que possamos discutir melhor essa questão.
Termos, de fato, um diagnóstico preciso, um estudo técnico que traduza a
realidade da bacia hidrográfica, para tomarmos uma medida correta e responsável
para a solução dos problemas”, acrescentou.
Vieira aponta que
existe o problema do lançamento de esgotos, sem tratamento, nas águas da bacia.
“Na bacia, nós não temos nem 20% da população com tratamento adequado de
esgoto. A gente sabe que quando tira água da bacia, piora a qualidade da água”,
disse contestando os argumentos apresentados pelo governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, para defender o projeto.
A quantidade de água
disponível também pode não ser suficiente para que o projeto seja viável, de
acordo com o Ceivap. “Pelo estudo contratado pelo Ceivap, não existe
disponibilidade hídrica suficiente para garantir o abastecimento público de
todos os 184 municípios que dependem da bacia, mais as atividades envolvidas de
geração e mineração e mais o abastecimento da região metropolitana de São
Paulo”, disse Vieira. (Agência Brasil)
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