MAIS 27 AÇÕES PENAIS SÃO
ABERTAS NA “LAVA JATO”
O juiz federal Sérgio Moro
aceitou hoje (23) denúncia contra 27 investigados na Operação Lava Jato, entre
eles o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. A ação penal inclui o ex-diretor de
Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco,
além de outros investigados na décima fase da operação, deflagrada semana
passada. A partir de agora, os envolvidos serão chamados a prestar
depoimento, poderão apresentar defesa e indicar testemunhas.
Entre os acusados que também se
tornaram réus estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa e executivos de empreiteiras, já investigados em
outras fases da Operação Lava Jato. Todos são acusados dos crimes de lavagem de
dinheiro, corrupção e formação de quadrilha.
Na denúncia, os procuradores
apontam novos desvios de recursos em contratos com a Petrobras. Desta vez, as
obras investigadas foram a Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, no Paraná, e
a Refinaria de Paulínia, em São Paulo.
Para os procuradores, João
Vaccari Neto participou de reuniões com Renato Duque, nas quais eram acertados
os valores que seriam transferidos ao PT por meio de doações legais. Segundo o
MPF, foram feitas 24 doações de R$ 4,26 milhões.
Ao abrir a ação penal, Moro
informou que "há prova documental do repasse de parte da propina em
doações eleitorais registradas ao Partido dos Trabalhadores, o que teria sido
feito por solicitação de Duque e de Vaccari".
Segundo Moro, a comprovação de
doações legais não encobre a origem ilícita de recursos. "A realização de
doações eleitorais, ainda que registradas, com recursos provenientes de crime, configura,
em tese, crime de lavagem de dinheiro. Além disso, se, como afirma o MPF, as
doações foram acertadas como parte da propina dirigida à Diretoria de Serviços,
há igualmente participação de João Vaccari no crime de corrupção passiva",
ressaltou o juiz.
O juiz federal Sérgio Moro também autorizou hoje (23) a
transferência de 12 presos na Operação Lava Jato para o Complexo Médico Penal, em
Curitiba. Moro atendeu a pedido da Polícia Federal (PF), que alegou não ter
mais condições de manter todos os presos nas várias fases da operação na
carceragem de sua superintendência na capital paranaense. Entre os presos que
serão transferidos estão o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o
empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
A decisão também atinge executivos de empreiteiras: Agenor
Franklin Magalhães Medeiros, José Aldemário Pinheiro Filho, José Ricardo
Nogueira Breghirolli e Mateus Coutinho de Sá Oliveira (OAS); Erton Medeiros
Fonseca (Galvão Engenharia); Gerson de Mello Almada (Engevix); João Ricardo
Auler (Camargo Corrêa) e Sérgio Cunha Mendes (Mendes Júnior).
Adir Assad e Mário Goes, acusados de atuar como operadores
do esquema de desvios na Petrobras, também serão transferidos. O ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró vai permanecer na carceragem da
PF porque está fazendo tratamento psicológico.
No pedido de autorização, a Polícia Federal alegou que não
tem mais espaço na carceragem em Curitiba para abrigar os presos, além de não
poder mais garantir que os acusados não tenham contato entre si, uma das
medidas cautelares estabelecidas pela Justiça ao determinar as prisões.
Na decisão, Sérgio Moro determinou que os presos sejam
colocados em celas separadas dos presos comuns. "Faço aqui um
esclarecimento: não há que se presumir que os presos da Operação Lava Jato no
sistema prisional estadual serão vítimas de alguma violência por parte de outros
detentos. Entretanto, [é] forçoso admitir que, pela notoriedade da
investigação, há algum risco nesse sentido, o que justifica colocá-los, por
cautela, em ala mais reservada", alegou o juiz.
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