domingo, 22 de março de 2015

PRESÍDIO EM MINAS ABRIGA 240
DETENTOS SEM JULGAMENTO
 No momento em que condenados do mensalão são soltos, com extinção de pena ou para cumprir pena em sua própria casa, o Conselho Nacional de Justiça revela a existência de um presídio em Cataguases, Zona da Mata mineira, destinado a abrigar 96 presos preventivamente ou em flagrante, portanto sem terem sido julgados e condenado. A própria finalidade do presídio – reduzir a população penitenciaria – já condenada – no Estado de Minas, já é uma contradição com a definição do que deve ser a justiça. O pior é que, embora tenha apenas 96 vagas, o presídio abriga 240 homens que foram retirados do convívio familiar, sem saber de que são acusados ou erem sido reconhecido e condenados como culpados, como penas previsíveis.
Apesar da flagrante injustiça em que vivem, os 240 presos de Cataguases não se rebelam como fazem presos de outros Estados, como  Pedrinhas, no Maranhão, e do Rio Grande do Norte. Pelo contrário, eles frequentam uma escola e acabam de lançar um livro de...Poemas.
Em 112 páginas, o livro Poetas da Liberdade, os detentos expressam sentimentos comuns ao dia a dia do cárcere: o medo, a fé, o arrastar do tempo, a saudade, o sofrimento e a solidão. A obra
reúne 80 poemas de 65 internos matriculados na Escola Estadual Marieta Soares Teixeira, que mantém um núcleo educacional no interior da unidade prisional.
Recentemente, o livro foi aprovado para receber recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Cataguases, o que vai permitir a distribuição de dois mil exemplares a estudantes dos ensinos fundamental e médio. A ação vai priorizar escolas dos bairros onde vivia a maioria dos detentos do presídio. Durante o ano letivo de 2015, os versos dos detentos serão recitados e discutidos nas aulas de Literatura. Haverá também palestras nas escolas, proferidas pelo diretor do presídio, Alan Neves, por servidores da unidade prisional e por um ex-detento. O tema da primeira rodada de palestras está definido: “A Droga e o Sistema Prisional Mineiro”.
Segundo Alan Neves, diretor do Presídio de Cataguases, os poemas foram escritos em sala de aula, com tema livre ou a partir de uma técnica em que os detentos deveriam imaginar-se como algum animal, misturando a própria vida com a dele. O convite à poesia também incluiu oficinas e palestras ministradas por escritores e poetas da região. A primeira edição de Poetas da Liberdade foi lançada em novembro de 2013 com 57 poemas de 47 internos do presídio. A tiragem era pequena, de 240 exemplares, em função da escassez de recursos.
A iniciativa em Minas Gerais está em sintonia com o Programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que busca conscientizar instituições públicas e privadas sobre a importância das ações de reinserção social de detentos para a prevenção da reincidência criminal. “Através do livro, as pessoas que desconhecem o universo prisional, especialmente os jovens, podem passar a dar mais valor ao que há de melhor na vida: a liberdade”, destaca o diretor do Presídio de Cataguases

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