MORADOR DA BAIXADA GASTA 4 HORAS
POR DIA NA LIGAÇÃO CASA-TRABALHO
O Brasil
tem 294 agrupamentos de municípios com forte integração entre as suas populações,
ou seja, com grande número de pessoas que se deslocam dentro dessas áreas para
trabalhar e estudar. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), 55,9% da população brasileira, ou seja 106,8 milhões de pessoas,
residem nos 938 municípios que integram esses agrupamentos, chamados de
“arranjos populacionais”.
O maior
fluxo de pessoas para trabalhar e estudar em municípios do Brasil foi
registrado entre São Paulo e Guarulhos (146,3 mil pessoas). Mas nem todos os
fluxos importantes incluem os núcleos dos arranjos populacionais. O segundo
maior fluxo, por exemplo, ocorre entre as cidades de São Gonçalo e Niterói,
ambas integrantes do arranjo populacional do Rio de Janeiro (120,3 mil
pessoas). Em Duque de Caxias, apesar de contar com expressivo número de
empresas industriais de grande e médio porte, como a Reduc e o Polo
Gás-Químico, não foge ao padrão. Nada menos de 119 mil caxienses gastam cerca
de 4 horas por dia no circuito casa-trabalho-escola presos em engarrafamentos
em ônibus superlotados, já que os trens da Supervia são insuficientes para
suportar esse deslocamento, ao contrário do que ocorria há 40 ou 50 anos atrás
com os trens da extinta Leopoldina.
As
informações são do estudo inédito do IBGE Arranjos Populacionais e Concentrações
Urbanas do Brasil, que buscou mapear as interações entre as cidades
brasileiras, com base em dados do Censo Demográfico de 2010. Segundo o
pesquisador do IBGE Maurício Gonçalves e Silva, o estudo é uma importante fonte
de informação para o planejamento de políticas públicas conjuntas e de
investimentos privados.
“É mais
um estudo que vem adicionar conhecimento do território, podendo ajudar na parte
da mobilidade, educação, de bens e serviços. Os grandes espaços urbanos
geralmente já têm muitos estudos, então esse trabalho vem complementar. Mas o
mais importante é dar essa visibilidade para municípios pequenos e médios, que
não têm estudos como esse”, disse Silva.
No
estudo, o IBGE também descreveu um arranjo único no país, em que vários
agrupamentos municipais mantêm integração intensa com a Grande São Paulo. A
chamada cidade-região de São Paulo reúne 11 arranjos populacionais (entre eles
a Baixada Santista, Campinas e São José dos Campos), 89 municípios e 27,4
milhões de habitantes.
Segundo o
IBGE, os arranjos populacionais se formam principalmente por motivos
econômicos, já que, em geral, habitantes de municípios menores e mais pobres
buscam alternativas de emprego e estudo em vizinhos. Há ainda situações em que
a causa da formação do arranjo é política, no caso de municípios que são
separados, mas mantêm ligação histórica como se ainda fossem um só.
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