PARA JORNALISTA, A RECEITA
E O COAF SE OMITIRAM NO CASO
HSBC
O jornalista Fernando Rodrigues, do portal UOL, disse hoje
(26), em depoimento na CPI aberta no
Senado para investigar as contas no HSBC na Suíça, que o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e a Receita Federal se omitiram no caso que analisa dados vazados sobre correntistas do banco HSBC, em Genebra, Suíça, incluindo 8.677 brasileiros.
Senado para investigar as contas no HSBC na Suíça, que o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e a Receita Federal se omitiram no caso que analisa dados vazados sobre correntistas do banco HSBC, em Genebra, Suíça, incluindo 8.677 brasileiros.
Rodrigues, que participa do Consórcio Internacional de
Jornalistas Investigativos, teve acesso à lista de correntistas copiada por um
funcionário do HSBC. O jornalista disse aos senadores que, em setembro do ano
passado, o grupo que trabalha nessa apuração compartilhou com o Conselho
de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) uma amostra de 342 nomes – 3% do
total – que, segundo ele, foram os primeiros que estavam tabulados.
"O Coaf não fez nada. A ideia era, evidentemente, que
houvesse uma colaboração entre a investigação jornalística e o interesse do
Estado brasileiro nesse episódio. Não se requeria, evidentemente, do Coaf nem
do Estado brasileiro que se quebrassem sigilos, porque seria um crime.” O
jornalista (foto) acrescentou que “seria importante que o Coaf pudesse pelo menos
dizer, com a colaboração de outras agências de controle no Brasil, como a
Receita Federal, o Banco Central, se naquela lista, naqueles 3%, havia alguém
que não tinha declarado ao Imposto de Renda, não havia declarado ao Banco
Central. Sem dizer quem era, poderia dizer: olha, de 300 e poucos nomes, temos
10% que, de fato, declararam".
Ele afirmou que a Receita Federal “não fez nada, mas vazou
os dados de maneira indiscriminada”, cometendo um crime, portanto, ao divulgar
nomes sem ter investigado os trezentos e poucos nomes e sem dizer se haviam
declarado Imposto de Renda ou relatado ao Banco Central a existência de contas
no HSBC na Suíça, nos anos de 2007 e 2008.
Fernando Rodrigues pediu aos senadores cuidado na revelação
dos nomes de brasileiros que constam na lista. Segundo ele, apesar de a maioria
das pessoas que integram a lista não ter “expressão pública”, pode estar entre
os que não pagaram impostos. “Podem ser pessoas que cometeram crimes e são anônimas,
podem ser pessoas que praticaram evasão de divisas e podem ser, também, pessoas
que têm contas legais lá fora. Pode ser tudo, o que só vai ser possível
responder depois que cada um for devidamente escrutinado, tiver os seus dados
checados junto aos registros da Receita Federal do Brasil e do Banco Central do
Brasil", alertou o jornalista.
O jornalista Chico Otávio, de O Globo, que também participou da audiência pública da CPI do
HSBC, destacou que, de todas as pessoas citadas até agora, cerca de 140, apenas
quatro efetivamente apresentaram documentos. "Algumas disseram que
declararam, outras disseram que não havia nenhuma irregularidade com as contas
e outras simplesmente disseram desconhecer a existência dessas contas, embora
em algumas delas nós tivéssemos encontrado, com relação aos anos de 2006 e
2007, algum depósito, algum valor depositado."
Na reunião, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP), criticou a omissão das autoridades em relação aos investimentos
feitos por brasileiros no exterior e a demora na investigação do fluxo desses
recursos. Para ele, o Brasil segue caminho diferente do adotado pela França,
que desde 2008 intensificou a atuação nessa área e teve uma expressiva
recuperação de valores.
O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, que
também era esperado para a audiência pública da comissão, não compareceu. Ele
alegou limitações na agenda e pediu que seja marcada uma nova data para sua
participação na CPI. Os próximos depoentes na CPI do HSBC serão o secretário da
Receita, Jorge Rachid, e o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues. Eles
serão ouvidos na quarta-feira (1º), às 9h.
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