EMPREITEIRAS TOPAM INDENIZAR
EM TROCA DO PERDÃO JUDICIAL
A exemplo da SBM na Holanda e o HSBC na Suíça,
as empresas investigadas pela Operação Lava Janto já admitem indenizar a
Petrobrás pelos danos causados no superfaturamento de obras e serviços, em
troca do perdão judicial, o que livraria seus donos e executivos de processos
criminais. Até agora, os acordos de ressarcimento à estatal e à União estão
sendo negociados na CGU (Controladoria-Geral da União), mas podem não prosperar
porque as construtoras ainda correm o risco de serem condenadas pela Justiça e
ficarem impedidas de fazer negócios com o governo, conforme publicação do
jornal Folha de São Paulo. Uma proibição assim levaria muitas empreiteiras à
falência.
A nova proposta de negociação transfere a
competência da CGU para a AGU (Advocacia-Geral da União) e prevê que os
beneficiários fiquem livres da culpa desde que paguem seus débitos integrais e
à vista. Fosse na CGU, haveria desconto desses valores.
Outro motivo da transferência para a AGU é que
a CGU não tem autoridade para fazer esse tipo de acordo, segundo a Folha. Para
evitar que o governo seja acusado de favorecer empreiteiras, o pagamento seria
com ações que dão direito de decisão sobre o rumo das empresas. Assim, os
executivos seriam punidos e dariam suas ações para sair do negócio.
As ações seriam leiloadas na Bolsa de Valores e
qualquer investidor poderia participar da oferta por meio de fundos.
Hoje, as ações das companhias envolvidas no
esquema (como Camargo Corrêa e OAS) valem muito pouco porque as empresas estão
praticamente paralisadas. Com um acordo, poderiam voltar a operar normalmente e
as ações tendem a se recuperar.
Ainda segundo a Folha de São Paulo, o projeto
foi elaborado pelos advogados Walfrido Jorge Warde Jr, Gilberto Bercovici e
José Francisco Siqueira Neto, especialistas em mercado de capitais, e
apresentado aos ministérios da Fazenda e Previdência Social, além de CGU e AGU.
Eles negam representar o interesse das empresas e dizem que a proposta é uma
saída para garantir a "atividade econômica" do setor.
O objetivo das construtoras é ter um substituto
para o chamado acordo de leniência, processo que troca a colaboração com as
investigações por punições mais brandas. Neste caso, porém, a empresa assume a
culpa.
Mas ainda existe mais um empecilho. O
Ministério Público Federal, que também deflagrou processos de inidoneidade, tem
se colocado contra qualquer discussão a respeito da nova proposta de acordo.
Mesmo tentando preservar a atividade das
empreiteiras para evitar demissões e obras paradas, o governo tem reservas à
proposta que livra as empreiteiras de culpa. Para ministros, o acordo passaria
a ideia de que a presidente Dilma tenta salvar aqueles que fizeram delitos,
conforme a reportagem.
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