IGREJAS
TERÃO ISENÇÃO TRIBUTÁRIA
E
PERDÃO DE R$ 300 MI EM MULTAS
Enquanto
a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff pedia aval do Congresso ao
pacote fiscal, uma isenção tributária a igrejas foi incluída na surdina em uma
MP (medida provisória) aprovada no fim de maio. O benefício pode garantir a
anulação de autuações fiscais a igrejas que extrapolam R$ 300 milhões. Segundo reportagem
da Folha de S. Pulo onlinh apurou,
o tema foi incorporado por intermédio do presidente da Câmara, o evangélico Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
O
artigo foi incluído na MP 668, que tratava originalmente do aumento de impostos
sobre produtos importados. Para vigorar, precisa ainda passar pela sanção de
Dilma.
Esse
"jabuti" –nome dado a temas estranhos inseridos em MPs– aumenta a
isenção fiscal de profissionais da fé, ao livrar da cobrança de impostos as
chamadas "comissões" que líderes religiosos ganham por arrebanhar
fieis ou recolher mais dízimos.
A
medida beneficia sobretudo as evangélicas neopentecostais, vertente em que o
pagamento de comissões a pastores é mais comum.
A
Constituição garante imunidade tributária a templos. Já os profissionais que
neles trabalham e que recebem salário, como pastores e padrs, pagam
contribuição previdenciária e Imposto de Renda sobre a remuneração.
Mas
não há tributação sobre ajudas de custo –moradia, transporte e formação
educacional, entre outros itens, desde que esse dinheiro seja para subsistência
do profissional.
Muitos
dos casos de sonegação religiosa são de pastores que recebem, por exemplo, um
salário mínimo e, por fora, "comissões", a título de "ajuda de
custo", que chegam à casa dos R$ 100 mil. Valores sempre vinculados ao
desempenho do profissional em angariar fieis.
As
"comissões", no entender da fiscalização, não configuram ajuda para
subsistência; por isso, religiosos passaram a ser atuados.
O
jabuti colocado na MP amplia o conceito de ajuda de custo ao dizer que as
condições descritas na lei atual são "exemplificativas" e não
"taxativas". Ou seja, o dinheiro não precisa ser exclusivamente para
subsistência e pode ser vinculado ao desempenho do pastor.
O
texto também deixa claro que valores pagos aos religiosos como "ajuda de
custo", ainda que em "montantes diferenciados", não constituem
remuneração.
Cunha,
que era da Igreja Sara Nossa Terra e hoje pertence à Assembleia de Deus,
afirmou que o artigo não cria uma regra nova. "Apenas esclarece a regra
antiga, porque do jeito que estava, dava desculpa para lavrar auto de infração
contra as igrejas.''
Segundo
a Folha apurou, uma
das principais beneficiárias da medida seria a Igreja Internacional da Graça de
Deus, do missionário R.R. Soares, multada em cerca de R$ 60 milhões em 2014.
Membros
da bancada evangélica dizem que não há modificação na lei, que já prevê
imunidades, e que o artigo foi acordado com o governo, com o conhecimento de
Dilma.
Os
pastores Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Robson
Rodovalho, da Sara Nossa Terra, participaram da articulação com o
vice-presidente Michel Temer (PMDB) sobre a inclusão do artigo.
A
Receita Federal não quis se manifestar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário