EXECUTIVO
DA PETROBRAS DIZ QUE
A PRESSA
IMPEDIU AS LICITAÇÕES
O atual
gerente executivo de Engenharia na Área de Abastecimento da Petrobras, Maurício
Guedes, disse hoje (10) que, nos 28 anos em que trabalha na estatal, nunca
recebeu oferta de vantagem para fechamento de contratos. Guedes não é
investigado pela Operação Lava Jato, mas foi convidado como testemunha para
prestar informações à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras que
hoje ouve mais cinco funcionários e ex-funcionários de segundo e terceiro
escalões da empresa.
O
engenheiro, que foi gerente de Compras para Empreendimentos, disse que a
construção de uma das unidades do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro foi
assinada sem licitação. “Este contrato era crucial para o cumprimento de prazo.
Faria sentido que a assinatura ocorresse o mais breve possível”, explicou.
Segundo
ele, a licitação foi dispensada após decisão da Diretoria Executiva, que era
ocupada na época por Renato Duque e Paulo Roberto Costa, ambos delatores das
investigações conduzidas pela Polícia Federal para apurar corrupção na
Petrobras.
Guedes
explicou que a obra foi estimada em R$ 3,8 bilhões e que a proposta inicial
apresentada pelo consórcio que integrava, entre outras empresas, o Grupo Toyo,
era de R$ 4 bilhões.
“Tomamos
a decisão de negociar para ficar abaixo da estimativa”, disse Guedes,
destacando que a estatal conseguiu reduzir os valores, mas não negociou
descontos após a assinatura do contrato.
As obras do Comperj em Itaboraí estão paradas |
Questionado
sobre a relação com Paulo Roberto Costa e com o ex-gerente de Serviços da
estatal Pedro Barusco, o engenheiro garantiu que eram restritas ao trabalho
interno e garantiu não manter qualquer outro vínculo fora da empresa.
Com Júlio
Camargo, executivo da empreiteira Toyo Setal, o engenheiro admitiu ter se
encontrado várias vezes para negociações em torno do contrato. “É um
procedimento previsto”, explicou.
Ele
assegurou não ter conhecimento de que Camargo integrava o cartel de empresas
que obtinha vantagens em acordos com a estatal. “Meu papel era coordenar as
negociações”, destacou, explicando que as negociações eram feitas com empresas
que a Petrobras tinha decidido contratar.
Sobre a
rede de gasodutos Gasene, que liga o Sudeste ao Nordeste, suspeita de gerar
preços superfaturados em mais de 1.800% em um dos principais trechos, Guedes
disse que não participou da concepção do projeto, mas acompanhou a fase final
da execução das obras. Evitando uma análise aprofundada sobre a viabilidade do
negócio, ele afirmou que “pelas discussões internas, parece que foi estratégia
correta que gerou resultados”.
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