MINISTÉRIO DO TRABALHO PROMETE
ABRIR AS CONTAS DOS SINDICATOS
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) parece ter vencido
uma longa batalha pela transparência. A Pasta deve divulgar nas próximas
semanas a arrecadação da contribuição sindical por entidade. Atualmente, o
polêmico recurso só é conhecido na totalidade, sem saber o que cada sindicato
recebe. As informações eram protegidas por “sigilo bancário” pela Caixa,
responsável por arrecadar e distribuir os valores.
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A Caixa tentou bloque o acesso às contas das organizações sindicais pelo TCU |
O ministério já solicitou à Caixa dados sobre a arrecadação
da contribuição sindical, para avançar no processo de divulgá-las no Portal
MTE. “Hoje existem mais de 10.700 entidades sindicais registradas com direito
ao recebimento de quotas de contribuição sindical e buscaremos meios para
divulgar os valores repassados a cada uma delas na maior brevidade possível”,
aponta a Pasta.
A Caixa sempre defendeu que os dados eram protegidos pelo
sigilo bancário. Para o banco, as informações não são públicas, tendo em vista
que as entidades sindicais não são órgãos governamentais. Dessa forma, a
transparência dos dados fica dependente das próprias entidades.
O volume de recursos que será detalhado para a população
não é baixo. No ano passado, R$ 3,2 bilhões foram repassados para
confederações, federações, centrais sindicais e sindicatos em todo o país.
Em 2015, mesmo com o corte de recursos em diversas áreas,
os valores repassados para as entidades não diminuíram, pelo contrário. Ao
todo, R$ 2,9 bilhões já chegaram aos cofres dos sindicatos. O montante é 7,7%
maior do que o repassado em igual período do ano passado, (R$ 2,7 bilhões).
O repasse acontece desde 1943. No entanto, as centrais
sindicais só passaram a contar com a verba a partir de 2008, por meio de lei
autorizadas pelo ex-presidente Lula. Até então, apenas sindicatos, federações e
confederações recebiam.
“Poucos países no mundo têm esse sistema, que representa um
atraso sem tamanho. Isso já deveria ter sido extinto e seria bom até para os
sindicatos, que precisariam ser mais representativos e eficientes”, aponta Gil
Castello Branco, secretário-geral do Contas Abertas.
Para ele, mesmo que existisse justificativa legal para a
Caixa não informar esses dados, ela seria totalmente imoral, já que são recursos
retirados diretamente dos trabalhadores. “A divulgação das informações por
entidade é um grande avanço para a transparência e controle social no país”,
aponta Castello Branco.
A falta de informação já havia chamado inclusive a atenção
do Tribunal de Contas da União (TCU), que faz fiscalizações esporádicas
relacionadas a sindicatos. Em voto do ano passado, o órgão critica a pouca
transparência, ressaltando que trata-se de dinheiro público.
“Conclui-se, de qualquer forma, ser a contribuição
(sindical) recurso de caráter público, porquanto oriundo da tributação, isto é,
compulsoriamente exigida à sociedade. Vale acrescentar que o fato de os
recursos serem recolhidos à Caixa Econômica Federal e, só depois, repassados
aos sindicatos não lhes modifica a natureza”.
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