PETROBRAS FECHA POLO NAVAL
E GERA EMPREGOS NA CHINA
Uma comitiva da Comissão de Trabalho, de
Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados foi ao município de
Charqueadas (RS) para investigar os efeitos do fechamento da empresa Iesa, que
fabricava módulos de plataformas de petróleo para a Petrobras. A estatal rompeu
o contrato com a Iesa no fim do ano passado, em meio a denúncias relacionadas à
Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O fim do contrato resultou na demissão
de 1,3 mil trabalhadores da Iesa, que também deixou de pagar a fornecedores e
prestadoras de serviço, o que prejudicou toda a economia do município, que é a
base do polo naval do Jacuí.
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Iesa fechada e peças para sondas abandonadas no fundo do quintall |
Liderada pelo presidente da comissão, deputado
Benjamin Maranhão (SD-PB), a comitiva visitou na última sexta-feira (3) a
fábrica da Iesa, que hoje possui apenas 30 funcionários que atuam na
fiscalização do patrimônio restante. No pátio da empresa, há módulos de
plataforma de petróleo incompletos que deveriam ter sido destinados à Petrobras,
mas que não ficaram prontos devido ao fim do contrato. Esse material poderá
virar sucata caso a estatal não decida pela retomada da fabricação.
A Petrobras rompeu o contrato com a Iesa no ano
passado por causa do aumento de custos do projeto de construção dos módulos. A
estatal, no entanto, já gastou cerca de R$ 260 milhões com os equipamentos que
hoje estão abandonados. Já a Iesa investiu R$ 80 milhões na fábrica.
O fechamento da Iesa criou um efeito dominó,
prejudicando as empresas fornecedoras. É o caso da Metasa, também localizada no
polo naval em Charqueadas, que produziu equipamentos contratados pela Iesa. “A
Metasa tem equipamentos que foram avaliados em R$ 40 milhões sem ter a quem
entregar. Enquanto isso, a Petrobras fez essa mesma contratação desses
equipamentos na China. É preciso esclarecer isso", disse Benjamin
Maranhão.
O prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar, quer
garantir que, pelo menos, a estatal contrate outra empresa para ocupar o lugar
da Iesa. “É uma região de mais de 200 mil habitantes que trabalhou, se envolveu
em cima do polo naval do Jacuí e que, hoje, se encontra frustrada",
afirmou.
O deputado Marcon (PT-RS), que integrou a comitiva,
ressaltou que houve uma vitória quando a Petrobras decidiu voltar a investir em
plataformas de petróleo na cidade de Rio Grande (RS). Ele espera que a
mobilização da comunidade em Charqueadas resulte no retorno de postos de
trabalho para o município.
"Deram um calote nos empresários daqui. Isso
não se faz. Aqui é gente séria. O povo que mora aqui é sério e
trabalhador", disse o parlamentar.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de
Charqueadas, Nairo Delfin, afirmou que a Iesa inicialmente gerou enorme
expectativa, mas depois provocou um grande desânimo na população do município.
“Fornecíamos para a Iesa e ela deixou de pagar muitos colegas empresários, que
ficaram com dívidas. Até hoje estamos passando por esse problema”, declarou.
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