CNJ DEFENDE MAIOR RIGOR DAS PENAS
PARA COMBATER O TRÁFICO
DE PESSOAS
O combate ao Tráfico de Pessoas no Brasil ganhou o apoio
oficial da Campanha da Fraternidade de 2014, lançada esta semana pela
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Com o tema “Fraternidade e o
Tráfico Humano”, a campanha tem como objetivo alertar e denunciar o crime que,
segundo o Ministério da Justiça, fez ao menos 475 vítimas brasileiras, entre
2005 e 2011. “É imprescindível que este crime seja melhor tipificado e que seus
autores sejam punidos com maior rigor”, defende o coordenador do programa de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do CNJ, conselheiro Guilherme Calmon.
Para ele, as penas precisam ser condizentes com o que vem
sendo praticado contra, principalmente, mulheres e crianças no país. O
conselheiro alerta para a existência de três projetos de lei estacionados na
Câmara dos Deputados sobre o tema. Atualmente, os crimes de tráfico interno e
internacional de pessoas estão previstos no Código Penal, com penas que variam
de 3 a 8 anos e multa.
O problema é que raramente a Justiça consegue comprovar o
delito. As próprias pessoas traficadas muitas vezes sequer se enxergam como
vítimas desse crime, apesar das péssimas condições de vida impostas pelo
"trabalho" a que são submetidas e, raramente, denunciam os
autores.
Com o objetivo de mudar esse quadro, o Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) realiza em maio o 4º Simpósio Internacional sobre o Tráfico de
Pessoas. O evento tem como objetivo contribuir para a capacitação de juízes,
promotores, defensores e advogados quanto aos instrumentos eficazes de combate
as várias modalidades de crime ligadas ao tráfico, como exploração sexual;
trabalho análogo ao escravo; adoção ilegal; venda de órgãos, dentre outros.
Ações - Desde 2012, o CNJ promove debates com representantes
de órgãos e entidades públicos sobre o assunto. Além do aperfeiçoamento da
legislação para criar tipos penais que contemplem as diversas modalidades do
crime de tráfico de pessoas, outros pontos foram levantados durante os
encontros; dentre eles: a melhoria no acolhimento às vítimas por parte da saúde
pública e a realocação das vítimas no mercado de trabalho.
“Mulheres vítimas do tráfico são, antes de tudo, vítimas
do abandono social, da falta de políticas públicas. Muitas que passaram pela
experiência da exploração sexual fora do País preferem não voltar para o
Brasil, pois sabem que aqui não encontram perspectiva de trabalho, acompanhamento
médico, muito menos acolhimento social ou familiar”, pondera a advogada e
assistente social Tânia Teixeira Laky de Sousa, uma das especialistas no
assunto que esteve presente no último debate.
De acordo com a ONU, o tráfico de pessoas movimenta, por
ano, 32 bilhões de dólares. (Agência
CNJ de Notícias)
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