APESAR DA LEI MARIA DA PENHA AS
MULHERES CONTINUAM MORRENDO
A lista de mulheres agredidas e até assassinadas por seus
maridos, namorados e “ex” cresce a cada dia, enquanto as autoridades do
Executivo e do Judiciário não encontrarem uma maneira menos burocrática de
administrar os conflitos conjugais. Da mesma forma que a Polícia não agiu com o
rigor e a celeridade que o caso requeria, diante da denúncia de cárcere privado
e tentativa de aborto forçado da ex modelo Elisa Samúdio contra o então goleiro
Bruno, seu namorado, cuja sentença condenatória só foi publicado depois do
desaparecimento da modelo, esta semana essa escabrosa novela voltou a se
repetir, desta vez tendo como vítima um apequena empresária, residente, em
Duque de Caxias.
Conforme reportagem do jornal “O Dia”, a empresária do
ramo de decorações Adenilda Amaro da Silva, 37 anos, foi morta a tiro na
madrugada desta terça-feira (19), em casa, no bairro de Gramacho, em Duque de
Caxias, Baixada Fluminense. De acordo com o cunhado da vítima, o mecânico
Gilberto Muniz de Andrade, 46, o crime foi cometido pelo ex marido de Adenilda
na frente do filho do ex casal de apenas sete anos. Um disparo, segundo ele,
atingiu a vítima na cabeça. Ela chegou a ser levada ao Hospital Getúlio Vargas,
na Penha, Zona Norte do Rio, mas não resistiu aos ferimentos.
O mecânico conta que flagrou o marido deixando a casa
após efetuar os disparos. Segundo Andrade, o homem chegou a ameaçá-lo caso
tentasse se aproximar. "A minha casa e a da Adenilda são no mesmo terreno.
Eu acordei com os disparos às 3h50 da manhã. Foi primeiro um disparo e depois
dois em sequência. Eu corri para ver o que tinha acontecido e o vi tentando
fugir. Eu gritei por ele e ele me mandou voltar para a casa. Quando eu tentei
perguntar o que tinha acontecido, ele ameaçou pegar a arma e me obrigou a
voltar", lembra.
Ainda segundo a reportagem, a empresária teria feito pelo
menos oito registros na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) da Baixada. No
final do relacionamento, o suspeito teria mantido relações sexuais com a mulher
à força.
De acordo com a delegada Cristiana Miguel Bento, titular
da Deam/Caxias, Adenilda Amaro da Silva realizou seis registos de ocorrência na
especializada. A vítima procurou a unidade para comunicar um crime de lesão
corporal, um de injúria e quatro de ameaça. Dois inquéritos foram arquivados
pelo Ministério Público por falta de provas, os outros quatro estão em
andamento.
Ainda segundo a delegada, Adenilda foi encaminhada para
exame de corpo de delito, mas não realizou o exame. A titular solicitou à
Justiça uma medida protetiva em favor da vítima e comunicou o autor da decisão
judicial. A delegada também pediu à Justiça a busca e apreensão de uma arma de
fogo usada pelo ex marido de Adenilda para ameaçá-la, mas a decisão ainda não
havia sido deferida pela Justiça.
Esse é o “script” de uma nova sem fim, onde a mulher
comparece a uma Delegacia da Mulher, apresenta queixa contra o ex marido ou
namorado, e volta para casa, confiando na atuação da Polícia para interromper
as agressões e ameaças. O acusado, mesmo comunicado do R,O – Registro de Ocorrência
– continua livre, leve e solto. Até o dia em que resolve o “caso” com as
próprias mãos!
Em matéria de segurança, continuamos no Século XIX, onde
a mulher só saía do jugo do pai par ser submetia ao jugo do marido
(companheiro). Nem votar ela podia. O direito de voto feminino não alterou as
relações de propriedade do homem sobre a mulher. O resultado acaba, quase
sempre, no cemitério. E o marido violento continua solto, para fazer novas
vítimas da sua prepotência, sob a vistas já cansadas a Polícia, do Ministério
Público e dos Juízes em atuação por esse imenso Brasil. Até quando?
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