BANDIDOS DO RIO COMPRAM
ARMAMENTO NA VENEZUELA
O Rio de Janeiro está enfrentando uma derrama de fuzis e
munição de AK-47 (Avtomat Kalashnikova 1947), de fabricação russa. As armas
estão chegando em larga escala às mãos de traficantes desviadas de países que
fazem fronteira com o Brasil, principalmente a Venezuela, através das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) — guerrilha que atua também em
território venezuelano. A revelação foi feita pelo jornal “O Dia”, na edição
desta segunda-feira (09).
Segundo a reportagem, só nos últimos dois meses, dos 70
fuzis apreendidos na capital carioca pela polícia, 30 eram do modelo AK-47,
conforme antecipou na sexta-feira a coluna ‘Informe do DIA’. Esse tipo de
equipamento é considerado a arma mais letal e a mais usada no mundo, inclusive
por integrantes do grupo terrorista mais temido no momento, o Estado Islâmico,
que se espalha pela Síria e pelo Iraque.
Para o advogado João Tancredo, presidente do Instituto dos
Defensores dos Direitos Humanos, há falhas nas investigações no contrabando de
fuzis. “Os setores de inteligência da polícia têm que identificar e prender os
maus policiais que atuam na intermediação dessas armas, até chegar aos
traficantes. Bandidos não saem das comunidades para comprar armas no exterior”,
criticou.
De acordo com João, enquanto houver grande quantidade de
armas em circulação, novas “tragédias anunciadas” serão inevitáveis. “O povo
indefeso está no meio dessa guerra estúpida”, disse, lembrando que dados da
Organização das Nações Unidas apontam que o Brasil é o segundo com maior número
de casos de bala perdida na América Latina, ficando atrás apenas da Venezuela.
No país, 35% das ocorrências terminam em morte e 45% das vítimas são crianças e
adolescentes.
No dia 22, o secretário de Segurança Pública, José Mariano
Beltrame, causou polêmica ao dizer que a polícia do Rio está “atuando sozinha
no combate à criminalidade”. Só neste fim de semana, dois PMs foram mortos por
bandidos — outros nove militares e quatro civis também foram assassinados este
ano —, e cinco ficaram feridos. “Vamos seguir esperando que outras instituições
que entendem e compõem o conceito de segurança nos ajudem. A segurança é um
monte de coisas, e a ponta disso tudo é a polícia. E na ponta, a polícia está
sozinha”, desabafou o secretário na ocasião.
O Ministério da Justiça não retornou e-mail enviado pelo
DIA à sua assessoria de imprensa na tarde de ontem (8), mas em seu site informa
que, em 2014, entregou 20 novos veículos para reforçar as ações de combate à
criminalidade nas regiões limítrofes com a Venezuela e a Guiana. O valor do
investimento foi de R$ 2.492.654,40. Além disso, prorrogou a permanência da Força
Nacional de Segurança na fronteira com o Peru, com a Colômbia e com a
Venezuela.
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