CONDIÇÕES DE TRABALHO
DA
PM DO RIO PREOCUPAM O MPE
Após constatar irregularidades nas condições de trabalho e
de estrutura dos policiais militares (PMs), a promotora de Justiça do
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), Gláucia Santana, da 6ª
Promotoria de Justiça de Tutela de Defesa da Cidadania, disse hoje (6) que o
MP-RJ está buscando formas de melhorar a situação. Segundo ela, o termo de
ajustamento de conduta (TAC) com propostas de investimentos e melhorias foi
entregue ao governador Luiz Fernando Pezão, em abril do ano passado. Caso não
seja assinado o TAC, a promotora poderá propor ação civil pública.
Em função das reclamações anônimas de mais de 900 PMs que
procuraram a ouvidoria do MP, os promotores visitaram unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs) e batalhões da Polícia Militar e verificaram que as
condições de trabalho são precárias em toda a corporação. Entre os principais
problemas constatados pelo Ministério Público, estão a carga horária de
trabalho, alimentação, o transporte, fardamento, armamento, equipamento de
proteção e colete de proteção balística.
De acordo com a promotora, faltam armamentos adequados,
qualificação, treinamento e capacitação. Além da dificuldade alimentar, por
causa da verba disponível mensalmente para cada policial – que não atende à
demanda, de acordo com a escala de trabalho – há excesso na carga horária que
os PMs devem cumprir, acrescentou.
"Tem profissional com escala de trabalho de 12 horas,
[durante as quais] ele deveria fazer três refeições. Para se alimentar,
ele recebe R$ 166 por mês. Então, esse valor é insuficiente para ele se
alimentar adequadamente ao longo da jornada. Há uma queixa generalizada, vinda
dos policiais, de que não se está respeitando o
Segundo a promotora, os policiais fazem um esforço pessoal
para comprar camas para descanso dentro do batalhão, bebedouros e até mesmo a
farda para trabalhar. Ela apontou também o despreparo dos policiais, que passam
por cursos muito rápidos e não se consideram aptos para uso de armas após a
conclusão desses cursos.
"Há um despreparo total. Além disso, há um esforço e
envolvimento pessoal intenso do policial, muito grande, que a sociedade não
conhece. Não tem armamento suficiente, nem colete de proteção balística para
cada policial. Eles usam de acordo com as operações que vão ser feitas. Não tem
higienização desse colete, que é passado de um policial para outro, sem
sanitização, e ele é imundo. Se você tiver contato, é capaz de contaminar
alguém. Nós preferimos continuar negociando, continuar mostrando que a situação
é calamitosa e que temos que nos unir em favor da segurança pública, que é uma
política pública prioritária na vida de todo cidadão, e o policial militar não
pode sofrer as consequências dessa falta de amparo. Precisamos levar ao
policial as condições que ele merece para um trabalho digno. A gente precisa
lutar pela valorização do policial militar", concluiu Gláucia.
A reportagem da Agência Brasil tentou ouvir a PM e a
Secretaria Estadual de Segurança Pública sobre as denúncias da promotora, mas
não obteve resposta até a edição desta matéria. (ABr)
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