PROCURADOR CONTESTA LENIÊNCIA
DA CGU SEM A PRESENÇA DO MPF
O
presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho
Cavalcanti, afirmou nesta quarta-feira (8), que os acordos de leniência não
podem quebrar o espírito da Lei Anticorrupção (12.846/13), ou seja, as empresas
precisam ser punidas de alguma maneira. Ele participou de audiência pública da
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
Os
acordos de leniência são uma espécie de delação premiada voltada para as
empresas. O instrumento é usado quando uma pessoa jurídica se dispõe a assumir
atos irregulares para colaborar com investigações em troca de redução da
punição. Atualmente, os acordos de leniência são objetos de debate entre a
Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o
Ministério Público Federal (MPF). O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, enviou ao TCU parecer no qual defende que a CGU só possa firmar acordo
de leniência com empresas investigadas na Operação Lava Jato se o MPF concordar
com o acordo. A Lava Jato investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo o
procurador José Robalinho Cavalcante, muitas vezes, a CGU não tem dados sobre
as investigações para discutir os acordos de leniência: "Nos casos em que,
como ocorre agora na Operação Lava Jato, em que há uma investigação em curso,
cujas informações mais completas estão com o Ministério Público do que com a
Controladoria Geral da União, não seria possível fazer um acordo de leniência
sem a presença do Ministério Público”.
Para ele,
isso ocorre, “pelo simples fato de que esse acordo seria feito, eventualmente,
sem todas as informações, sendo possível que empresas que não estão
efetivamente colaborando fossem favorecidas pelo acordo de leniência."
Cinco
empresas envolvidas na Lava Jato já formalizaram pedidos para acordo de
leniência na CGU: a OAS, Galvão Engenharia, Engevix e SOG Óleo e Gás, e SBM
Offshore.
De acordo
com o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), a polêmica em torno do acordo de
leniência ocorre pela possibilidade de esses acordos estarem preservando os
interesses das empresas envolvidas em corrupção.
"Como
disse aqui o Ministério Público, a empresa tem que ser punida. Qual o tamanho
da punição, qual o caminho que se adequa à melhor alternativa para a sociedade
brasileira? Então esse debate é presente, é uma coisa nova na legislação
brasileira a partir do decreto (8.240/15) de regulamentação da Lei Anticorrupção
feita pela presidente Dilma Rousseff”, ressalta o parlamentar.
“Há
divergências em relação a isso, eu próprio tenho uma delas. Entendo que o
Ministério Público, em alguns casos criminais, como esse aqui, deve estar
presente no acordo de leniência, mas de qualquer maneira é um debate que está
começando agora e há de ter um desfecho", acrescenta Macris.
Vanderlei
Macris é autor do requerimento que convidou o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, a vir a Câmara no dia 29 de abril. Na ocasião, as comissões de
Constituição e Justiça e de Cidadania; de Fiscalização Financeira e Controle; e
de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado vão se unir para ouvir
esclarecimentos do ministro sobre reuniões dele com advogados das empreiteiras
envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras.
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