EMPRESÁRIO
DIZ NA CPI QUE PROPINA
E DOAÇÕES
CHEGARAM A R$ 100 MI
O presidente da Setal Engenharia e ex conselheiro
da Toyo Setal, Augusto Mendonça Neto, afirmou hoje (23), durante depoimento à
CPI da Petrobras, que, no período em que manteve contratos com a estatal,
repassou mais de R$ 70 milhões ao ex-diretor de Serviços Renato Duque e outros
R$ 30 milhões para Paulo Roberto Costa, que comandava a Diretoria de
Abastecimento.
“Para o dinheiro sair de nossas contas e chegar
às contas indicadas pela Diretoria de Serviços, precisava de uma forma
contábil”, explicou. Segundo ele, foram indicadas quatro ou cinco empresas que
seriam usadas para os repasses, além dos recursos solicitados para doação ao PT
ou firmados via contratos com a gráfica responsável pela publicidade do
partido.
“No caso
do [doleiro Alberto] Youssef, que recebia o dinheiro, ele indicou empresas que
davam notas e com as quais eram feitos contratos de prestação de serviços que
não eram realizados”, esclareceu.
De acordo com Mendonça Neto, os valores eram
relativos ao pagamento de propina. A empresa tinha dois contratos com a
Petrobras, firmados a partir de 2007, depois de três anos sem participar de
licitações da estatal.
“Ficamos fora porque passamos por uma crise
financeira que gerou problemas em vários contratos com a estatal e com outras
empresas. A Petrobras impôs que só receberíamos novos convites a partir da
entrega de duas obras. ”
O empresário acrescentou que a Toyo era uma
parceira antiga da Setal e que, apenas após o Pré-Sal e o aumento dos
investimentos da Petrobras, outras companhias vislumbraram oportunidade de
entrar no Brasil e só teriam como fazer isso como sócias de outras empresas. A
associação da Toyo-Setal ocorreu em 2012.
“A associação criou uma companhia nova, que
partiu do zero, com novos contratos. O grupo conseguiu entrar na Petrobras,
participando de licitações com competência. Quando voltamos a ser convidados
pela Petrobras, essa conjuntura [corrupção] estava armada. Nossa participação
foi por adesão ao esquema já existente”, destacou Mendonça Neto.
O empresário, que já explicou a motivação para
delação premiada à CPI, voltou a falar sobre o incômodo com a situação
estabelecida pelas duas diretorias. “Sempre temi. Sinto que hoje estou fazendo
a coisa correta”, concluiu.
Durante a audiência pública, o presidente da
CPI, deputado Hugo Motta, anunciou que o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), encaminhou à comissão todos os documentos sigilosos reunidos pela CPMI
da Petrobras, que funcionou ano passado no Congresso Nacional.
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