SENADO APROVA O USO DO VOTO
DISTRITAL PARA VEREADORES
Vereadores de municípios com mais de 200 mil eleitores
poderão passar a ser eleitos por voto distrital, sistema eleitoral que divide a
cidade em partes (distritos) e elege o candidato mais votado em cada uma dessas
partes. É o que determina o PLS 25/2015, do senador José Serra (PSDB-SP), aprovado
nesta quarta-feira (22) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
A matéria vai à Câmara e, para valer nas eleições de 2016, precisa ser aprovada
até outubro.
A divisão do município em distritos ficará a cargo dos
Tribunais Regionais Eleitorais, conforme regulamento a ser expedido pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido ou coligação poderá registrar apenas
um candidato a vereador por distrito e cada vereador terá direito a um
suplente.
Hoje, os candidatos recebem votos de eleitores de todo o
município, independentemente de onde sejam suas bases eleitorais. Os vereadores
são eleitos pelo sistema proporcional de votação, na qual os votos recebidos
por um candidato podem ajudar a eleger outros do mesmo partido ou coligação. É
o número total dos votos válidos de cada agremiação que define a quantidade de
vagas a que a legenda terá direito.
Sarney era governador do Maranhão mas foi eleito senador pelo Amapá |
Conforme frisou o relator do projeto na CCJ, senador
Munício Oliveira (PMDB-CE), o atual sistema permite que um candidato “puxador
de votos”, que conquista grande fatia do eleitorado, eleja colegas de partido
ou coligação, até quando a votação deles é menor que a de candidatos de outras
legendas.
— Não podemos ir para as eleições de 2016 com essa mesma
legislação eleitoral, sob pena de a população ficar ainda mais distante desta
Casa. Esse é um importante passo que estamos dando para a reforma política —
disse Munício.
A Comissão de Justiça aprovou emenda do relator, para
manter a propaganda eleitoral de candidatos a vereador no sistema distrital.
Alegando dificuldade técnica para propaganda eleitoral fracionada por distrito,
José Serra determinou, no texto original, que não seria destinado tempo de
propaganda de rádio e televisão aos candidatos a vereador. A emenda aprovada
suprimiu essa determinação e, conforme explicação do relator, caberá a partidos
definir quais distritos e candidatos devem ter prioridade na grade de veiculação
de propaganda.
Em defesa de seu projeto, o senador José Serra disse que a
implantação do voto distrital nos grandes municípios será uma experiência a ser
avaliada para posterior adoção em todo o país. Ele considera que o projeto
fortalece a identidade local e ajuda a reduzir os custos das campanhas
eleitorais.
— O projeto reforça a cidadania local — afirmou Serra.
O ex prefeito de Caxias defendia os interesses de S. Lourenço |
Se o TSE considerar como parâmetro os distritos
administrativos, em Duque de Caxias, com 4 distrito, os eleitores de Xerém, o
quarto distrito, elegeriam uma bancada local, o mesmo se repetindo nos outros
três distritos. Os atuais 29 vereadores foram eleitos com votos de todos os
distritos, o que distorce o princípio da representação por região. Se aprovada,
sancionada e publicada antes de outubro próximo, os vereadores a serem eleitos
em 2016 passariam a ser representantes do distrito onde tenham seu domicílio
eleitoral.
No plano federal, com o voto distrital, não teríamos casos
exóticos, como o do ex senador José Sarney, cuja base eleitoral fica no
Maranhão, mas que era eleito representante do Amapá, onde só iria uma vez a
cada 8 anos, em busca da reeleição.
No Rio de Janeiro tivemos caso semelhante, quando o ex
prefeito de Duque de Caxias Hydekel de Freitas Lima assumiu o mandato com
a morte de Afonso Arinos, transformando-se, na prática, no 4º senador mineiro,
pois todos os seus projetos e emendas parlamentares eram dirigidos para atender
a cidade de São Lourenço, onde possuía fazenda e hotel e elegera seu
primogênito prefeito daquela estância hidromineral mineira.
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