CARAVANA DA ALERJ VAI DEBATER
O DESVIO DAS ÁGUAS DO PARAÍBA
A Frente Parlamentar da Alerj em Defesa da Bacia do Rio Paraíba do Sul
irá realizar uma série de audiências públicas nas regiões cortadas pelo rio
para discutir os planos do Governo de São Paulo de efetuar uma segunda
transposição no curso das águas. A decisão foi anunciada durante reunião do
grupo, realizada na segunda-feira (31). De acordo com a presidente do
colegiado, deputada Inês Pandeló (PT), o circuito de encontros começará no próximo
dia 10, às 18h, na Universidade Federal Fluminense (UFF) de Volta Redonda.
Em seguida, a Frente Parlamentar vai a Campos dos Goytacazes e, em maio,
chega à cidade de Sapucaia.
“A parte técnica é muito importante, mas a mobilização política também é
necessária. Os estudos nos dão argumentos para que lutemos em defesa do nosso
estado e do Rio Paraíba do Sul”, frisou a petista, reiterando que nenhuma
decisão pode ser tomada sem consultar os Comitês de Bacia.
Durante a reunião de segunda-feira, foram discutidos dois estudos que
apontam para a incapacidade do rio de suportar uma segunda transposição. “Ficou
claro que o Rio de Janeiro vai sofrer. Os estudos técnicos mostram que existem
alternativas diferentes para São Paulo ter água. A atitude do governador
Geraldo Alckmin foi autoritária”, colocou Pandeló, que disse que pedirá ao
presidente da Casa, deputado Paulo Melo (PMDB), a inclusão do tema nas
discussões do Fórum Permanente de Desenvolvimento Econômico do Estado. A
deputada adiantou, também, que enviará ofício à Agência Nacional de Águas
(ANA), solicitando uma audiência com o órgão, e que irá organizar um abaixo
assinado na internet contra a possível transposição.
O estudo encomendado pelo Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do
Rio Paraíba do Sul (Ceivap) apontou que já há um déficit hídrico de oito metros
cúbicos por segundo em alguns trechos do rio, e que uma segunda transposição
agravaria o problema.
“O Ceivap não foi ouvido. O Governo de São Paulo tem que aceitar sentar
com a gente e nos ouvir”, pontuou a vice-presidente do órgão, Vera Lucia
Teixeira, para anunciar que haverá uma reunião entre diversos comitês e a ANA.
Na ocasião, o Ceivap solicitará que o órgão federal garanta que uma possível
intervenção no rio não irá interferir no cumprimento das regras atuais. O
presidente de honra da Comissão Ambiental Sul e bispo emérito de Volta Redonda,
dom João Maria Messi, se posicionou contrário a uma segunda transposição. Presente
na audiência, a vereadora de São José dos Campos (SP) Renata Paiva (DEM),
também declarou ser contrária ao que pretende o governo paulista.
O relator da Frente Parlamentar, deputado Nelson Gonçalves (PSD),
alertou que a transposição pretendida por São Paulo colocaria em risco a
qualidade de vida de 15 milhões de pessoas. O parlamentar afirmou que é
necessário mobilizar as Câmaras Municipais e prefeitos das cidades envolvidas
na questão. "Recebi um documento da Procuradoria do Estado de São Paulo,
que, em resposta a um inquérito civil público, afirmou que inexistia qualquer
obra para uma segunda transposição do Rio Paraíba do Sul, três anos atrás, e
que tampouco se pretendia fazê-la no futuro. O inquérito foi arquivado por
conta dessa afirmação da Procuradoria", contou Gonçalves.
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