QUATRO ANOS DEPOIS, MORRO
DO BUMBA ESPERA SOCORRO
A diarista Leandra Maria de
Oliveira deixou sua casa na noite da tragédia, em 2010. Morou em um alojamento
do Exército até janeiro deste ano e diz que não desistirá da casa própria. “Não
queremos ficar no aluguel social. Queremos nossa casa. Afinal de contas, todo
mundo aqui tinha uma casa, antes disso acontecer”, disse. Com cinco filhos
entre cinco e 19 anos, Leandra só conseguiu alugar uma casa, em janeiro. Ela
complementa o aluguel social do governo do estado com a quantia que a
prefeitura passou a pagar para esvaziar o alojamento. A antiga moradora do
Bumba, Marta da Silva, que mora com mais cinco netos, também está na fila por
uma casa própria. Ela fiscaliza dia a dia cada avanço nas obras do Conjunto
Habitacional Zilda Arns, do Programa Minha Casa, Minha Vida, que deveria ter
ficado pronto há cerca de um ano. Dois dos nove prédios do conjunto precisaram
ser demolidos por problemas na fundação e ainda não foram reconstruídos. A
Caixa Econômica prevê a entrega definitiva no fim de 2014.
“Eu, minha filha – que não
recebe aluguel social porque na época morava comigo– e meus netos moramos em
uma área de risco aqui perto. Cada vez que chove é um desespero, a gente não
dorme, passa a noite vigiando”, disse. Marta quer saber porque ficou de fora
dos critérios de divisão de imóveis e cobra agilidade da prefeitura.
"Recebo o aluguel social de R$ 400 e não encontro lugar seguro para
ficar”, revelou.
O presidente da Associação de
Vítimas do Morro do Bumba, Francisco Carlos Ferreira, diz que mesmo
aqueles moradores que já receberam casas novas, como é o seu caso, têm
problemas com a Caixa Econômica.
“Dois anos se passaram (da
entrega) e já estamos fazendo reparos nas rachaduras internas e externas nos
cinco prédios”, disse. Os apartamentos do conjunto em Viçoso Jardim, que aloja
180 famílias do morro a poucos metros do local da tragédia, tem rachaduras
e infiltrações.
Os moradores do Bumba, morro
erguido sob um antigo lixão, também querem indenizações pela tragédia. Segundo
o presidente da associação, o Estado foi omisso ao permitir e incentivar, com a
construção de infraestrutura, a ocupação do morro por cerca de 1,7 mil pessoas.
Pelo menos 50 pessoas morreram nos deslizamento do morro e sete estão
desaparecidas até hoje.
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