DOLEIRO PRESO USAVA EMPRESA
FANTASMA PARA PAGAR SUBORNO
Nove fornecedores da Petrobras depositaram R$ 34,7
milhões na conta de uma empresa de fachada controlada pelo doleiro Alberto
Youssef, segundo laudo da Polícia Federal obtido pela Folha de São Paulo. .
A confissão de que a empresa não tem atividade de fato
foi feita por um empregado do doleiro, Waldomiro de Oliveira, em nome de quem a
MO Consultoria está registrada na Junta Comercial de São Paulo. A Folha teve
acesso ao depoimento do funcionário, que decidiu colaborar com a PF na
tentativa de receber uma pena menor.
Em seu depoimento, Waldomiro Oliveira disse que sua
função no escritório do doleiro era “fazer contratos com empresas indicadas por
Alberto Youssef e, em seguida, receber depósitos, que seriam posteriormente
transferidos para empresas também indicadas por Alberto Youssef”.
O doleiro usava outras duas empresas para esse fim,
segundo o colaborador: Empreiteira Rigidez e a RCI.
Youssef é o mesmo doleiro que disponibilizou um jatinho
para que o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), viajasse para o
Nordeste com a família.
A polícia suspeita que a MO Consultoria servia para
repassar propina para funcionários públicos e políticos. Outro laudo aponta que
passaram por essa empresa um total de R$ 90 milhões entre 2009 e 2013.
Segundo relatório da PF, há “fortes indícios da
utilização das contas da empresa para trânsito de valores ilícitos”. A
consultoria foi descoberta pela PF durante a investigação da Operação Lava
Jato, que apura lavagem de dinheiro com uso simulado de importação e
exportação.
Os contratos da suposta consultoria eram uma forma de as
empresas darem uma aparência legal a subornos, segundo suspeita da PF. Há notas
fiscais das consultorias, mas não há provas de que o serviço foi prestado, de
acordo com a polícia.
Grandes grupos que pagaram à MO atuam nas obras da
refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, suspeita de ter sido superfaturada. Os
maiores pagamentos à consultoria foram feitos por duas empresas do grupo Sanko,
fornecedor de tubos para empresas contratadas pela Petrobras: R$ 26 milhões.
As vendas diretas da Sanko para a Petrobras subiram mais
de 7.000% entre 2011 e 2013, segundo a empresa: de R$ 38,7 mil para R$ 2,77
milhões. Os maiores negócios da Sanko, porém, não são feitos diretamente com a
Petrobras, mas com fornecedores da estatal. A Sanko diz que faturou R$ 120
milhões em 2013.
Também estão na lista de pagadores da consultoria outras
empresas que foram contratadas para a obra da refinaria em Pernambuco, como o
consócio Rnest, formado por Engevix e EIT (R$ 3,2 milhões), Jaraguá
Equipamentos (R$ 1,9 milhão), Galvão Engenharia (R$ 1,53 milhão) e OAS, tanto a
construtora quanto a holding (R$ 1,18 milhão na soma).
A obra da refinaria começou em 2005, durante o governo
Lula, com a estimativa de que custaria US$ 2,5 bilhões (R$ 5,6 bilhões), mas a
conta já chegou a US$ 17 bilhões (R$ 38 bilhões).
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