MPF DENUNCIA QUADRILHA DE
MÉDICOS POR FRAUDES NO SUS
O Ministério Público Federal
(MPF) em Itaperuna (RJ) denunciou grupo de médicos e servidores públicos
por fraudes no Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Italva, no Noroeste
Fluminense. Foram acusadas 13 pessoas pelos crimes de estelionato qualificado e
associação criminosa. Um dos denunciados é o gestor da Clínica Casa de Saúde
Imaculada, o médico Ronald Faria Crespo, o Doutor Roninho, político conhecido
na região. Só essa clínica alegou ter internado cerca de cinco mil pessoas em
2011, um terço da população da cidade, enquanto que a média de internação em
outros 13 municípios da região foi de 10% no mesmo período.
Segundo a denúncia, já aceita
pela Justiça, os prejuízos causados pela quadrilha aos cofres públicos podem
ultrapassar R$ 8 milhões. O caso foi separado em três denúncias pelo MPF
para viabilizar o andamento processual na Justiça, que já recebeu as acusações
e aceitou o trabalho de busca e apreensão realizado em 2012 pela Polícia Civil.
Entre os crimes denunciados
pelo MPF estão o de cobrança, “por fora”, de partos autorizados e pagos pelo
SUS, cobrança de procedimentos mais caros do que efetivamente foram realizados,
além de fraudes na emissão de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) –
mecanismo pelo qual o SUS libera os recursos financeiros – até mesmo para
pessoas mortas ou para tratamentos nunca realizados. Só o médico Alfredo
Crespo Neto, parente do Doutor Roninho, foi responsável pelo pedido de 28% de
todas as AIHs em 2011 – 1.237 solicitações – na cidade. À época dos
fatos, o Dr. Alfredo acumulava um cargo na Central de Regulação na Secretaria
Estadual de Saúde, setor responsável por autorizar as
internações. As razões de internação também evidenciaram as fraudes,
como o fato de o hospital pedir autorização para 65 casos de pneumonia e não
realizar nenhum pedido de raio X.
O MPF pede a condenação dos 13
envolvidos pelos crimes de estelionato qualificado e associação criminosa.
Cinco aparecem nas três denúncias: Doutor Roninho, Alfredo Crespo, Neuza Maria
de Freitas Borges, Camila Louvaim Cândido e André Luiz Pereira de Souza. Três
pessoas configuram em duas denúncias: José Carlos Rosa, Ângelo Vianna Lorenzini
e Ana Cristina Franco de Souza Carvalho.
Já os cinco restantes aparecem
apenas na terceira acusação: Tiago Costa Correa, Maurício da Silva Santos,
Jamil Figueiral Ribeiro, Francisco de Assis Oliveira Neto e Camila Toledo de
Souza. Para o MPF, "o grupo já demonstrou forte vínculo e constituição
com nítida intenção de enriquecimento ilícito e fraude ao SUS". Exemplo
disso é a continuidade e a reiteração da prática criminosa. Como exemplo, nas
três acusações, o médico Ronald Faria Crespo é apontado em pelo menos em 120
ocorrências (67 na primeira denúncia; 30 na segunda e 28 na terceira).
Pelo crime estelionato
qualificado, para cada caso comprovado, a pena máxima prevista é de seis anos e
oito meses de prisão. Já para associação criminosa, a pena é de três anos.
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