DOMÉSTICAS AINDA
NÃO
TEM O QUE COMEMORAR
As trabalhadoras domésticas do país passarão o dia em
homenagem a elas – 27 de abril – e o Dia do Trabalho sem ter o que comemorar em
relação à regulamentação de direitos conquistados, há um ano, com a aprovação
no Congresso da chamada PEC das Domésticas (Emenda Constitucional 72). O
problema é que 12 direitos criados pela PEC ainda dependem de regulamentação do
Congresso e a negociação só deve avançar depois do feriado deste 1º de maio.
Na lista de pendências estão direitos considerados
históricos como o pagamento do patrão de 8% da contribuição ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) sobre a remuneração do empregado por meio do
Simples, 11,2% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sendo 3,2% para
o fundo de multa em caso de demissão sem justa causa e 8% para seguro contra
acidente de trabalho.
Na semana passada, depois que a Câmara decidiu dar
urgência à tramitação do texto, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) apresentou
emendas que modificam vários pontos da proposta. Ela defendeu, por exemplo, a
obrigatoriedade da contribuição sindical e o pagamento mensal de hora extra.
Mas, é a mudança nas regras de contribuição paga pelo empregador que deve
esbarrar em mais desentendimentos. Com as alterações propostas pela deputada, o
texto volta para a análise da Comissão Mista de Consolidação das Leis e
Regulamentação Constitucional, cujo relator é o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Para Mario Avelino, presidente do Instituto Doméstica
Legal, a proposta da deputada Bendita tem pontos positivos como o que torna
obrigatória a contribuição sindical, mas “como um todo é prejudicial à melhoria
do emprego doméstico”. Segundo ele, a elevação do percentual de contribuição do
empregador doméstico, de 8% – conforme proposta da comissão mista – para 12%
vai estimular a informalidade do setor.
“Em nossa avaliação, [isso] é um contrassenso, pois
quanto mais onerar o empregador doméstico, teremos mais informalidade que hoje
atinge 70% da categoria, mais demissões, e o grande prejudicado é o empregado
doméstico. Hoje lutamos para que o INSS do empregador doméstico seja reduzido
para 5% como é o do Micro Empreendedor Individual”, explicou.
Desde que o assunto veio à tona no Congresso, o senador
Romero Jucá (PMDB-RR) vem reiterando o cuidado com o quanto isso pode onerar os
empregadores. Jucá ainda vai aguardar o texto da Câmara, mas para evitar
demissões vai defender que a Câmara mantenha o texto já aprovado no Senado,
para que a matéria retorne o mais rápido possível.
A celeridade também é uma prioridade do presidente da
comissão mista, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele lembrou que a
elaboração do projeto inicial foi feita em tempo recorde e garantiu que vai
tentar compatibilizar as posições rapidamente, principalmente, para tentar
driblar o calendário espremido pela Copa do Mundo e as eleições deste ano.
“Sei que é um projeto muito importante porque interfere
na vida de 7 milhões de trabalhadores e de 5 milhões de pessoas que usam esses
serviços. Prefiro ouvir o relator e criar as condições para aprovar”, disse.
Se qualquer alteração for aceita pela comissão mista, o
projeto vai tramitar na Câmara e depois terá que retornar para o Senado antes
de ser sancionado pela presidenta Dilma Rousseff.
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