DEVOLUÇÃO DE MP PROVOCA
REBOLIÇO NO CONGRESSO
A decisão do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) de devolver ao Executivo a Medida Provisória 669/2015, que reduz a desoneração da folha de pagamento de vários setores da economia, repercutiu entre os senadores durante a sessão deliberativa desta terça-feira (3). A maioria dos parlamentares apoiou a posição de Renan, mas outros, principalmente do governo, lamentaram as consequências para o ajuste fiscal proposto pelo governo.
A última devolução de MP havia ocorrido em 19 de novembro de 2008, quando o então presidente do Senado e do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), recusou o exame da medida 446/08, que alterava as regras para concessão e renovação do certificado de entidades beneficentes de assistência social, conhecidas como entidades filantrópicas.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi o primeiro a reagir ao anúncio da devolução da MP das desonerações. Argumentou que o gesto de rejeitar a MP não poderia ser unilateral, tomada apenas pelo presidente. Lindbergh também acusou interferência política em uma decisão que deveria ser, para ele, técnica.
A última devolução de MP havia ocorrido em 19 de novembro de 2008, quando o então presidente do Senado e do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), recusou o exame da medida 446/08, que alterava as regras para concessão e renovação do certificado de entidades beneficentes de assistência social, conhecidas como entidades filantrópicas.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi o primeiro a reagir ao anúncio da devolução da MP das desonerações. Argumentou que o gesto de rejeitar a MP não poderia ser unilateral, tomada apenas pelo presidente. Lindbergh também acusou interferência política em uma decisão que deveria ser, para ele, técnica.
— Se há problema na relação de
um partido com a Presidência da República, temos que ter cuidado e
responsabilidade para isso não interferir na economia. Mais respeito com o
país. O impacto da decisão é gigantesco — declarou.
Líderes da oposição, porém,
elogiaram a atitude de Renan. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), líder do
PSDB, disse acreditar que foi uma resposta ao “abuso de edições de medidas
provisórias”.
— A autonomia e a independência
deste Poder [Legislativo] não podem ser invadidas. Há prazo suficiente para
que, pela via legal, a proposta do governo seja debatida e votada soberanamente
pelo Congresso — defendeu.
A oposição saiu em defesa de
Renan após o presidente anunciar a devolução da MP. O líder do DEM, senador
Ronaldo Caiado (DEM-GO), classificou a medida provisória como “inaceitável” e
entendeu como natural a decisão de Renan.
— Devolver a MP é a prerrogativa
que tem o presidente do Congresso. Além de tudo ela é uma agressão completa,
pela inconstitucionalidade de acrescer a carga tributária por essa via —
justificou.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG)
disse esperar que a atitude do presidente do Senado e do Congresso sirva para
combater o que ele chamou de “presidencialismo imperial”.
— Tivemos ao longo de anos a
submissão do Congresso às vontades do Executivo, e aumentar impostos por MP
talvez seja a mais grave interferência. O governo agiu de forma autoritária.
Tenho esperança que o Brasil reencontre o caminho do desenvolvimento, mas isso
estará mais próximo quanto mais presente esta Casa se fizer nas decisões.
No mesmo tom, o senador José
Serra (PSDB-SP), disse que Renan tomou uma decisão “histórica” e chamou atenção
para os possíveis efeitos que a MP traria.
— O abuso de MPs acontece porque
o Congresso não reagiu. A decisão de hoje com certeza vai fazer o Executivo
mudar de atitude. Se entrasse em vigência, essa medida iria aprofundar a
recessão, aumentar o desemprego e pressionar a inflação, tudo ao mesmo tempo —
enumerou.
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