NÚMERO RECORDE DE
DELAÇÕES
ASSUSTA ATÉ MINISTRO DO
STF
Operação Lava Jato aponta uma tendência de "corrigir
rumos", uma vez que "as coisas já não são varridas para debaixo do
tapete", avaliou nesta quarta-feira (1º) o ministro Marco Aurélio Mello,
do Supremo Tribunal Federal.
O magistrado, porém, faz uma ressalva quanto ao uso da
delação premiada na investigação: "devo admitir que eu nunca vi tanta
delação". Ele disse ainda esperar "que elas, todas elas, tenham sido
espontâneas".
É a segunda crítica do ministro em apenas uma semana sobre
o instituto da colaboração premiada na investigação conduzida pelo juiz Sérgio
Moro, do Paraná. Na última entrevista, publicada
há dois dias, ele afirmou que o número de delatores no caso "já revela
algo estranho".
O instituto d delação premiada foi criado pela Lei 12.850,
de 02 de agosto de 2013, sancionada pela Presidene Dilma Rousseff e que ampliou
os benefícios a serem concedidos pela Justiça a criminosos que colaborarem para
a completa elucidação dos crimes, com indicação de outros participantes e do
mecanismo de ação dos criminosos. A lei estabelece, no entanto, que, a critério
do Juiz, se a colaboração não ajudou na investigação ou se o delator não apresentou
provas válidas e convincentes contra os demais participanes do crime, ele
perderá os benefícios, sendo julgado pela sua efetiva participação na ação
criminosa, sem qualquer redução de pena por esse motivo.
Desde o início das investigações, foram acertados 18
acordos de delação premiada entre os réus e a Procuradoria-Geral da República.
O acordo prevê uma pena mais branda aos envolvidos em troca da revelação do que
sabem sobre o esquema de corrupção.
Os dois últimos acordos foram firmados pelo empresário
Ricardo Pessoa, dono da UTC, cujas denúncias atingem PT e oposição, e por
Milton Pascowitch, apontado como lobista e intermediário de pagamentos feitos
ao partido e ao ex-ministro José Dirceu.
Nessa semana, nos Estados Unidos, a presidente Dilma
Rousseff rebateu denúncias reveladas na delação de Pessoa apontando um
"estranho vazamento seletivo". Lembrando da época da ditadura, quando
segundo ela, tentaram transformá-la em uma delatora, Dilma disse ainda que
"não respeita delator".
Nenhum comentário:
Postar um comentário