PARA O MPF, ZELADA MOVIMENTOU
€ 11 MILHÕES DE EUROS NO
EXTERIOR
O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge
Zelada, preso nesta quinta (2) na décima quinta fase da Operação Lava Jato, da
Polícia Federal (PF), recebeu valores indevidos em operações na estatal como o
aluguel de navios-sonda e fez remessas de dinheiro para a China e transferência
de recursos entre a Suíça e Mônaco após o início da Lava Jato. As informações
foram divulgadas nesta quinta-feira, pelo Ministério Público, em entrevista na
Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
“Temos valores e temos indicativos fortes de que havia
problema na área de sonda da Petrobras. E movimentação [de recursos] no
exterior posterior ao início da Lava Jato com remessas bancárias para a China,
o que indica uma continuidade do crime de lavagem de dinheiro que motivou
principalmente a prisão”, disse o procurador Carlos Fernando Santos Lima.
Segundo ele, também houve transferência de dinheiro da
Suíça para Mônaco, o que indicaria o interesse de ocultar valores. De acordo
com o procurador, estima-se em € 11
milhões de euros os valores transferidos
entre países europeus. Ele disse que esse volume de recursos é
incompatível com a renda do ex-diretor.
Zelada foi citado por delatores presos nas fases anteriores
da operação como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. O
ex-diretor da estatal foi preso de manhã, no Rio de Janeiro, e será transferido
para a Superintendência da PF em Curitiba. A previsão é que ele chegue na
cidade às 14h. Também foram apreendidos documentos na casa de Zelada e na
residência da ex-mulher dele.
Carlos Fernando Santos Lima disse que a décima quinta fase
da Lava Jato, chamada de Operação Mônaco, marca o encerramento da fase de
investigações nas diretorias da Petrobras. Ele explicou, no entanto, que as
investigações na estatal não estão esgotadas.
“Depois de um ano e meio dessa fase de investigação, cremos
que não existem indicativos de maiores desvios em outras diretorias, com outros
diretores. Não posso dizer que não vão surgir [indícios] porque me surpreendo a
cada dia com o nível de provas que conseguimos. Mas o núcleo básico [do
esquema] já está bem delineado”, disse o procurador.
O núcleo básico citado por Carlos Fernando Lima é formado
por quatro ex-diretores da Petrobras que foram presos: Nestor Cerveró, da Área
Internacional, antecessor de Zelada; Renato Duque, da Área de Serviços e Engenharia;
Paulo Roberto Costa, da Área de Refino e Abastecimento e Jorge Zelada.
De acordo com a Polícia Federal, os investigados na
operação responderão pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de
verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
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