JUSTIÇA RESPONSABILIZA O GOVERNO
POR TRANSPORTE RUIM NO ESTADO
O estado do Rio
foi condenado a pagar multa de R$ 300 mil por danos morais coletivos, devido às
péssimas condições do serviço de transporte público. O juiz João Felipe
Ferreira Mourão, do Tribunal de Justiça, ressalta que o valor foi aplicado
devido à responsabilidade civil da Agência Reguladora de Serviços Públicos
Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de
Rodovias do Estado do Rio.
“Não se mostra
razoável submeter aqueles que se utilizam do serviço de transporte público ao
constrangimento de conviverem com a péssima qualidade do mesmo, diariamente se
defrontando com trens, metrôs e barcas superlotados, com aparelhos de ar
condicionado danificados – isso quando existentes – sem as condições mínimas de
segurança, além da inobservância quanto ao intervalo e frequência das
composições, sendo os usuários tratados como verdadeiras mercadorias”, diz a
sentença.
A ação foi
apresentada pela Defensoria Pública do Estado do Rio em 2010. O subcoordenador
da área de direitos do consumidor, Eduardo Chow, explica que a ação foi
motivada pelas constantes reclamações e notícias sobre as concessionárias de
transportes coletivo.
“São serviços
ruins, que sempre dão problemas, causam vários danos à sociedade como um todo,
e isso se dá muito em razão da ausência de fiscalização do poder competente
para tanto, que, no caso, seria a agência, que deveria fiscalizá-los, autuá-los
e tudo mais, e, por uma inércia, uma vontade que a gente não sabe explicar o
porquê, eles não atuam da maneira adequada. Os próprios usuários nem sabem que
existe a agência reguladora”.
Chow destaca que a
ação tem três anos, mas os problemas persistem. “A agência tem mais de uma
década de existência, e a população tem que contar cada vez mais com o serviço,
e ele é ruim. São tantos problemas que chegam a todos os órgãos de defesa do
consumidor que se torna uma situação complicada não chegar a uma solução viável
para a melhora de todos os serviços. Na própria sentença, o juiz colocou que
desde o início da criação da agência até 2012, eles só fizeram 38 autuações. Ou
seja, é uma atuação pífia da agência”.
Foram implicados
no processo as empresas Supervia, que administra o sistema de trens, a MetrôRio
e a Barcas SA, mas elas não foram penalizadas pela Justiça, apesar de o juiz
reconhecer a má prestação dos serviços. Eduardo Chow disse que vai entrar com
recurso pedindo que as concessionárias sejam condenadas. Procurada pela
reportagem, a agência informou apenas que recorreu da sentença.
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