terça-feira, 8 de outubro de 2013

MUSEU JOÃO CÂNDIDO
AGONIZA NA BAIXADA 
Em 1996, surgiu em São João de Meriti um movimento com o objetivo de transformar em Museu um casarão colonial do Século XVII, que chegou a pertencer a Manoel Telles Barreto de Menezes, um dos filhos do Comendador Pedro Antônio Teles Barreto de Meneses, dono do Engenho do Barbosa. O casarão passou a se chamar Casa do Embaixador por ter sido vendida na década de 30 do Século passado, ao Embaixador português Martinho Nobre de Melo, que assumiu a embaixada no Brasil em 1932, sendo exonerado do cargo em 1944. O que resta do casão fica na Estrada das Palmeiras, na Vila São José e considerado Patrimônio Cultural, Paisagístico e Ambiental da Cidade de São João de Meriti, segundo Artigo do Prof. Guilherme Perez, publicado na Revista Memória, ano II, nº 07 – Edição trimestral – Ano 2000. Pág 05. 
Ali funcionaria o Museu do Marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, que acabou com os castigos corporais infligidos aos marinheiros até então. A verba para a recuperação do casarão, de R$ 5 milhões, veio do Governo Federal, quando o então proprietário foi indenizado, bem como as famílias que ocupavam o imóvel. Logo depois, o casarão, que pertenceria à Prefeitura, foi abandonado e, novamente invadido.
Segundo reportagem do jornal “Estado de S. Paulo” do dia 18 de novembro de 2010, o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos (PR), admitiu que não sabia quem foi o marinheiro João Cândido Felisberto (1880-1969) até assumir o seu primeiro mandato de vereador na cidade, em 2000. Só descobriu a história do negro que liderou a Revolta da Chibata (1910) porque existe uma medalha com o nome dele na Câmara local. Na entrevista, o prefeito anunciou que pretendia construir no alto do Morro do Embaixador, área pobre de Meriti, um museu em homenagem ao marinheiro, conhecido como "almirante negro". Gaúcho, ele morou na cidade até morrer, aos 89 anos.
Hoje, o casarão (Foto: Estado)está em ruínas e, se nada de concreto for feito, mais um marco da historiografia da tão ultrajada e explorada Baixada Fluminense será apenas um monturo de lixo, como já ocorreu com outros sítios históricos da região, como a casa onde foi instalada, em 31 de dezembro de 1943, a prefeitura do recém criado município de Duque de Caxias e que acabou transformada em hotel de alta rotatividade, onde uma menina foi estrangulada pela amante do próprio pai. Temos ainda a desfigurada, por mais de uma vez, antiga Igreja de São João Batista de Trairaponga, hoje dedicada a Santa Terezinha, no bairro do Parque Lafaiete, e a antiga sede da Cia. União Manufatora de Tecidos, no bairro Centenário e marco da industrialização de Duque de Caxias após a queda do Estado Novo, e a “Fortaleza”, antiga residência do deputado Tenório Cavalcante,
que serviu de abrigo a perseguidos pela Ditadura – como o ex ministro José Serra, então presidente da UNE, e o advogado Marcelo Cerqueira, que defendia os presos políticos onde seria instalado oMuseu da Política da Baixada Fluminense.

Imagine-se o que seria do Coliseu Romano se tivesse sido construído no Brasil de Dilma e Cabral?

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