MUSEU
JOÃO CÂNDIDO
AGONIZA
NA BAIXADA
Em
1996, surgiu em São João de Meriti um movimento com o objetivo de transformar
em Museu um casarão colonial do Século XVII, que chegou a pertencer a Manoel
Telles Barreto de Menezes, um dos filhos do Comendador Pedro Antônio Teles
Barreto de Meneses, dono do Engenho do Barbosa. O casarão passou a se chamar
Casa do Embaixador por ter sido vendida na década de 30 do Século passado, ao
Embaixador português Martinho Nobre de Melo, que assumiu a embaixada no Brasil
em 1932, sendo exonerado do cargo em 1944. O que resta do casão fica na Estrada
das Palmeiras, na Vila São José e considerado Patrimônio Cultural, Paisagístico
e Ambiental da Cidade de São João de Meriti, segundo Artigo do Prof. Guilherme
Perez, publicado na Revista Memória, ano II, nº 07 – Edição trimestral – Ano
2000. Pág 05.
Ali
funcionaria o Museu do Marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata,
que acabou com os castigos corporais infligidos aos marinheiros até então. A
verba para a recuperação do casarão, de R$ 5 milhões, veio do Governo Federal,
quando o então proprietário foi indenizado, bem como as famílias que ocupavam o
imóvel. Logo depois, o casarão, que pertenceria à Prefeitura, foi abandonado e,
novamente invadido.
Segundo
reportagem do jornal “Estado de S. Paulo” do dia 18 de novembro de 2010, o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos (PR), admitiu que não
sabia quem foi o marinheiro João Cândido Felisberto (1880-1969) até assumir o
seu primeiro mandato de vereador na cidade, em 2000. Só descobriu a história do
negro que liderou a Revolta da Chibata (1910) porque existe uma medalha com o
nome dele na Câmara local. Na entrevista, o prefeito anunciou que pretendia
construir no alto do Morro do Embaixador, área pobre de Meriti, um museu em
homenagem ao marinheiro, conhecido como "almirante negro". Gaúcho,
ele morou na cidade até morrer, aos 89 anos.
Hoje, o
casarão (Foto: Estado)está em ruínas e, se nada de concreto for feito, mais um marco da
historiografia da tão ultrajada e explorada Baixada Fluminense será apenas um
monturo de lixo, como já ocorreu com outros sítios históricos da região, como a
casa onde foi instalada, em 31 de dezembro de 1943, a prefeitura do recém
criado município de Duque de Caxias e que acabou transformada em hotel de alta
rotatividade, onde uma menina foi estrangulada pela amante do próprio pai.
Temos ainda a desfigurada, por mais de uma vez, antiga Igreja de São João
Batista de Trairaponga, hoje dedicada a Santa Terezinha, no bairro do Parque
Lafaiete, e a antiga sede da Cia. União Manufatora de Tecidos, no bairro Centenário
e marco da industrialização de Duque de Caxias após a queda do Estado Novo, e a
“Fortaleza”, antiga residência do deputado Tenório Cavalcante,
que
serviu de abrigo a perseguidos pela Ditadura – como o ex ministro José Serra,
então presidente da UNE, e o advogado Marcelo Cerqueira, que defendia os presos
políticos onde seria instalado oMuseu da Política da Baixada Fluminense.
Imagine-se
o que seria do Coliseu Romano se tivesse sido construído no Brasil de Dilma e
Cabral?
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