ALUNOS DE MEDICINA FARÃO
ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NO SUS
Os estudantes de medicina terão de fazer estágio
obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS). O estágio será na atenção básica,
em urgência e emergência, e corresponderá a pelo menos 30% da carga horária
prevista para o internato da graduação. Além disso, os alunos passarão a cada
dois anos por avaliação obrigatória e classificatória para programas de
residência médica. Essas são algumas das mudanças curriculares apresentadas nesta
quarta (26) pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
No documento, o CNE estabelece seis anos para a
graduação, descartando as possibilidades apresentadas inicialmente pelo governo
de que o curso tivesse a duração de oito anos.
A reformulação das diretrizes curriculares faz parte da
Lei 12.871/2013, que instituiu o Programa Mais Médicos, no ano passado. O CNE
ainda está recebendo as últimas sugestões e têm um mês para apresentar a versão
definitiva ao Ministério da Educação (MEC).
As diretrizes atuais foram definidas em 2001.
Pelas novas diretrizes, 35% da carga horária da graduação
deverá ser voltadas à prática. Dessa carga, 30% será no SUS. O restante da
carga horária deverá incluir clínica médica, cirurgia, ginecologia-obstetrícia,
pediatria, saúde coletiva e saúde mental. Quanto à avaliação dos alunos, será
nacional, sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
As diretrizes estipulam também uma maior articulação com
a residência médica, que terá como prioridade o atendimento no SUS. A partir de
2018, a residência deverá ser universalizada, ofertada a todos os egressos de
2017.Os cursos de medicina em funcionamento terão prazo de um ano para
implementar as diretrizes às turmas abertas, após a publicação das mudanças. Os
estudantes matriculados, antes da vigência das novas regras, poderão graduar-se
conforme as diretrizes de 2001 ou optar pelas novas, dependendo da instituição.
A expectativa, com o Mais Médicos, é a abertura de 11.447
vagas em cursos de medicina até 2017 — sendo 3.615 em universidades federais e
7.832 em instituições particulares. Na residência, para a universalização,
deverão ser ofertadas 12.372 novas vagas.
Presente na reunião de apresentação das diretrizes, a
coordenadora-geral da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina,
Monique França, disse que falta detalhamento das novas propostas, como, por
exemplo, de que forma as aulas práticas serão melhoradas, e que devem ser
levadas em consideração as especificidades de cada região do país.
A estudante também fez críticas à avaliação nacional.
Segundo ela, uma única prova para todo o país não irá abordar aspectos
regionais, e, sendo obrigatória e pré-requisito para a residência, poderá
prejudicar os estudantes e levar ao ranqueamento das instituições avaliadas.
"As atuais diretrizes foram discutidas por quase uma década, essas em 180
dias", ressaltou, dizendo que poucas propostas dos estudantes foram
acatadas.
O secretário de Educação Superior e presidente da
Comissão Nacional de Residência Médica, Paulo Speller, acredita que o fato de
os estudantes terem de permanecer mais tempo atendendo pelo SUS forçará o
sistema a se preparar para receber os alunos e profissionais. "Será
necessária a infraestrutura adequada para o cenário de prática. Só podemos
expandir as vagas nos novos cursos se tivermos como base uma infraestrutura
adequada", disse.
A
criação de vagas nas particulares, que terão a maior parcela, por meio de
editais foi alvo de críticas das instituições privadas. Atualmente, o Brasil
tem uma média de 1,8 médico por mil habitantes. Com o Mais Médicos, o objetivo
é chegar a 2,7 médicos por mil habitantes em 2026, além da distribuição desses
profissionais por áreas com déficit de médicos. (Mariana Tokarnia - Agência Brasil)
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