OAB/RJ
LEMBRA O SEQUESTRO
DE
FERNANDO SANTA CRUZ
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional
Rio de Janeiro (OAB-RJ) fez seção especial na sexta-feirae (21) para homenagear
Fernando Santa Cruz, um dos símbolos da resistência estudantil à ditadura
militar, desaparecido há 40 anos. A homenagem reuniu parentes e representantes
da Comissão Estadual da Verdade (CEV-RJ), do grupo Tortura Nunca Mais e do
Diretório Central dos Estudantes (DCE) Fernando Santa Cruz. Na mesma seção, foi
relançado o livro “ONDE ESTÁ MEU FILHO?”, de
1985, escrito pelos jornalistas Chico de Assis, Cristina Tavares, Jodeval
Duarte, Gilvandro Filho, Nagib Jorge Neto e Glória Brandão.
Um dos irmãos de Fernando, João Artur Santa
Cruz, lembrou que na véspera (20) ele faria 66 anos, e neste domingo (23) fará
40 anos do seu desaparecimento.
“Estamos relançando o livro, com documentos
que a gente pegou desde a época do desaparecimento até a presente data. Fala da
busca que mamãe fez à procura de Fernando nos cárceres do país todo. No novo
livro sai o depoimento que um torturador daqui, o delegado de polícia Carlos
Guerra. Ele conta que pegou Fernando, Eduardo Collier, Davi Capistrano e mais
duas pessoas, e tocou fogo na usina, em Campos”, norte do estado do Rio.
Natural de Olinda (PE), Fernando Santa Cruz
participou do movimento estudantil secundarista e chegou a ser preso em 1967,
em uma passeata contra o acordo MEC-Usaid. Depois, ele estruturou a Associação
Recifense dos Estudantes Secundaristas e, já sob a égide do Ato Institucional
nº 5 (AI-5), se mudou para o Rio de Janeiro, onde cursou direito na Faculdade Federal
Fluminense e atuou no DCE. Em 1972, casado e com o filho recém-nascido, passou
em concurso da Companhia de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo e
se mudou para a capital paulista.
De passagem pelo Rio, no carnaval de 1974,
Santa Cruz saiu da casa do irmão Marcelo, para visitar amigos, e nunca mais foi
visto. João Artur explica que a Comissão da Verdade do Estado de Pernambuco
(CVE-PE) fez um dossiê e entregou na quinta (20) para a mãe dele, dona Elzita.
“A gente encontra várias coisas que já
tinha nesses 40 anos de busca, nomes de torturadores, a data certa da prisão
dele aqui, 23 de fevereiro de 1974, no Estado do Rio, no DOI-Codi [Destacamento
de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna]. Ele
estava preso e desapareceu dali de dentro. Mataram ele ali dentro. Os
torturadores da época ocultaram o cadáver, até hoje não devolveram o cadáver
para a gente poder fazer uma sepultura digna para Fernando. A mãe, ainda viva,
com100 anos, continua fazendo essa pergunta para as autoridades deste país:
Onde está o meu filho?”
De acordo com João Artur, Fernando não era
ligado à luta armada, mas era membro da Ação Popular Marxista-Lenista (AP).
Quando Fernando desapareceu, seu filho Felipe tinha 2 anos, e hoje é o
presidente da OAB-RJ. (Akemi
Nitahara - Agência Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário