MPF DENUNCIA CINCO MILITARES
PELA MORTE DE RUBENS
PAIVA
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro
denunciou hoje (19) cinco militares reformados pelos crimes de homicídio e
ocultação do cadáver do ex-deputado Rubens Paiva. O crime foi cometido entre os
dias 21 e 22 de janeiro de 1971, nas dependências do Destacamento de Operações
de Informações (DOI) do 1° Exército, no Batalhão de Polícia do Exército, na
Tijuca, zona norte do Rio.
Os cinco militares também foram denunciados por
associação criminosa armada, e três deles, por fraude processual. O MPF
denunciou o ex-comandante do DOI, general José Antônio Nogueira Belham, e o
ex-integrante do Centro de Informações do Exército (CIE), coronel Rubens Paim
Sampaio, por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e
associação criminosa armada. Foram denunciados por ocultação de cadáver,
fraude processual e associação criminosa armada o coronel reformado Raymundo
Ronaldo Campos e os militares Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e
Souza.
O procurador da República Sérgio Suiama explicou que as
ações que resultaram na prisão e morte de Rubens Paiva se enquadram como crimes
de Estado, praticados sistematicamente e de forma generalizada contra a
população. Por isso, segundo ele, os crimes podem ser tipificados como de
lesa-pátria. Ele argumenta que não há prescrição porque são crimes cometidos
contra a humanidade. Da mesma forma, também os praticantes não
são beneficiados pela Lei da Anistia.
A filha de Rubens Paiva, Vera Paiva, participou da
coletiva no MPF e disse estar agradecida pelo desfecho da denúncia.
"Agradeço o privilégio de estabelecer um marco como o Brasil tem tratado a
violência de Estado", declarou ela, que citou o caso do pedreiro Amarildo
de Souza como exemplo da permanência da violência contra o cidadão.
As investigações do MPF duraram cerca de três anos e
envolveram a análise de 13 volumes de documentos. Foram tomados depoimentos de
27 pessoas. (Agência Brasil)
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